Guardian, New York Times e El Pais noticiam últimas revelações no caso do desaparecimento de Bruno e Dom com críticas a governo Bolsonaro e alerta sobre perigos que correm defensores do meio ambiente
A confissão dos assassinatos e da ocultação dos corpos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista licenciado da Funai Bruno Pereira, feita por um dos suspeitos do crime, gerou imediata repercussão na mídia internacional, a partir da noite de ontem.
“Polícia do Brasil descobre dois corpos em busca de desaparecidos”, noticiou o site do The Guardian, jornal inglês para o qual Dom costumava colaborar. “O anúncio trouxe um fim triste para a busca de 10 dias que horrorizou a nação e sublinhou os perigos crescentes enfrentados por aqueles que ousam defender o meio ambiente do Brasil e as comunidades indígenas, que estão sofrendo um ataque histórico sob o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro”, criticou o jornal.
“O anúncio (da confissão) parece trazer uma conclusão sombria ao desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do funcionário do governo Bruno Pereira em uma das regiões mais remotas do país, que paralisou a nação e chamou nova atenção para a criminalidade em andamento que está desmantelando a maior floresta tropical do mundo”, afirmou o americano The Washington Post, na reportagem “Homem confessa assassinato de jornalista e colega, diz polícia”.
A BBC criticou as autoridades responsáveis pelas buscas por não terem reconhecido inicialmente, na coletiva em Manaus que confirmou a descoberta de vestígios de corpos, a importância da participação dos indígenas na procura a Dom e Bruno.
Segundo a rede de comunicações britânca, houve “muitos elogios aos esforços conjuntos de todas as Forças Armadas — todos dando tapinhas nas costas depois de uma enorme quantidade de críticas por não terem se mobilizado com rapidez suficiente”.
O El Pais lembrou, ao divulgar a confissão e a localização dos fragmentos de corpos, que “veteranos na Amazônia” não se lembram de outro caso de assassinato de um jornalista dedicado a cobrir o meio ambiente na região, “muito menos estrangeiro”.
Segundo a publicação espanhola, “as mortes violentas de lideranças e ativistas indígenas não são novas, embora não atinjam os números da vizinha Colômbia. É um gotejamento, e muito raramente culpados são punidos”.
“Os desaparecimentos são um capítulo particularmente sombrio na recente história sangrenta da Amazônia”, reforçou o The New York Times no artigo “Homem confessa ter matado jornalista e ativista e leva polícia aos remanescentes (dos corpos), diz polícia”.
Segundo o jornal americano, “Phillips dedicou grande parte de sua carreira a contar as histórias do conflito que devastou a floresta tropical, enquanto Pereira passou anos tentando proteger as tribos indígenas e o meio ambiente em meio a esse conflito. Agora parece que o trabalho se tornou mortal para eles, sinalizando até onde as pessoas irão explorar ilegalmente a floresta tropical”.