No final da manhã de segunda-feira, 29, o sargento da Polícia Militar do Acre, Erisson Nery, o sargento do trisal, acusado de efetuar quatro disparos de uma pistola .40 contra o acadêmico de medicina, Flávio Endres de Jesus Ferreira, na madrugada do ultimo domingo, 28, se apresentou na Delegacia Geral de Polícia Civil no município de Epitaciolândia.
Na companhia de advogados, Erisson Nery ficou quase duas horas em depoimento à delegada Carla Ivane de Britto. Por algumas vezes o interrogado “usou do seu direito constitucional de permanecer em silêncio”.
Sobre a madrugada da confusão, Nery disse que viu o momento em que sua esposa Alda Radine foi agredida por Flávio Endres e que por isso reagiu, mas foi segurado pelos seguranças do estabelecimento. Disse ainda que viu que o homem que agredira sua esposa estava indo embora com outras pessoas que o retiravam do local e que após se desvencilhar dos seguranças foi em busca de Flávio.
Nery relata, ainda, que sacou a arma e que deu voz de parada ao acadêmico e mandou que este deitasse no chão, mas que foi agredido por um grupo de pessoas que estavam com a vítima e foi aí que disparou. O militar disse ainda que não lembra de quantos disparos efetuou, mas que ficou com medo de morrer por conta das agressões e por isso atirou.
Em um trecho do depoimento, Erisson Nery disse: “que está afastado de suas funções como policial militar, em razão de atestado médico psiquiátrico expedido pelo médico psiquiatra José Roberto B. Leite, desde a data de 27/10/2021, após sua comandante identificar alguns sintomas característicos de depressão”.
Disse ainda que: “em razão do encaminhamento ao psiquiatra e por indicação do próprio médico as duas armas que estavam em seu poder, uma pistola e um revólver foram recolhidos pelo comando do Batalhão”, O militar disse também que: “está fazendo uso de três medicamentos de uso controlado: Paroxetina, Torval e Clonazepan”, revelando ainda que no dia dos fatos havia ingerido bebidas alcoólicas (quatro canecas de chopp).
Em outro trecho do depoimento, Erisson Nery argumentou que não foi alertado pelo médico de que não deveria ingerir bebidas alcoólicas quando fizesse o uso dos medicamentos, que não leu a bula dos medicamentos e “que no seu atestado médico não há a recomendação de que não faça uso de bebidas alcoólicas”.
Em outro trecho do depoimento do acusado, ele foi questionado se sua esposa Alda Radine está afastada de suas funções de policial por razão de tratamento de saúde, mas o militar disse que ela está de licença especial, comum aos servidores públicos, mas acrescentou que Alda Radine “está realizando tratamento psiquiátrico e psicológico, bem como está fazendo uso de medicamentos prescritos pelo médico”, enfatizando ainda que: “a arma de sua esposa Alda também foi recolhida, sendo uma pistola da corporação”.
Nery afirmou em depoimento que as esposas, Alda Radine e Darlene Oliveira, não sabiam que ele estava armado. Ele não disse nada sobre a origem da arma.
Erisson Nery recebeu voz de prisão logo após concluir seu depoimento e lhe foi apresentado o mandado de prisão em seu desfavor expedido pelo juízo da Comarca de Epitaciolândia. Ele realizou exame de corpo de delito e passou por audiência de custódia onde foi mantida a sua prisão. Ainda no final da tarde de segunda-feira, 29, ele foi encaminhado para o quartel do Batalhão de Operações Especiais (Bope) em Rio Branco onde está à disposição da Justiça.