Membros de facções criminosas instaladas em território acreano estão migrando para a zona rural dos municípios e invadindo lotes destinados à reforma agrária. Até mesmo assentados estão sendo expulsos de suas propriedades que são ocupadas pelos marginais.
Semanalmente dezenas de denuncias chegam ao conhecimento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no Acre, que tem levado os casos ao conhecimento das autoridades policiais.
A situação é tão grave que até os servidores da instituição responsáveis pelo acompanhamento e fiscalização dos projetos de assentamentos não querem mais ir "a campo" por conta de ameaças dos faccionados.
A reportagem falou, por telefone, com o Superintendente do Incra no Acre, Sérgio Bayum que confirmou a existência dos casos de invasão relatando ainda que as denuncia são repassadas à Polícia Federal.
"Sempre estamos recebendo denuncias de casos de invasão de lotes em assentamentos e também de expulsão de assentados. Toda a denuncia que recebemos repassamos aos órgãos de.policia", disse Bayum.
Entre os projetos de assentamentos com maiores registros de ações criminosas de faccionados estão o Projeto de Assentamento Walter Arce, na região do Bujari e Campo Alegre, em Capixaba. Foi no município também onde há cerca de quatro anos, criminosos depredaram e em seguida incendiaram um prédio construído pelo Incra onde funcionavam lanchonete e loja de venda de produtos cultivados pelos assentados daquela região.
Trocando gado por proteção
A reportagem do Notícias da Hora conversou um pecuarista da região de Capixaba que, para não ter suas terras invadidas e seu gado roubado, tem.que "doar" todos os anos um boi para o churrasco da festa de final de ano da célula de faccionados.
"Se o Estado não nos.protege, temos que nos proteger. Em um ano tive mais de dez cabeças de gado roubadas por esses marginais. Só encontrávamos os restos de vísceras e couro espalhados no pasto. Um dia fui procurado por um grupo que disse que pessoas estavam se organizando para invadir parte das minhas terras, mas me fizeram uma proposta de que se rodo ano eu doasse um boi e mais R$ 500 para a confraternização deles isso não aconteceria. Hoje sou obrigado a pagar para não ter minhas terras invadidas, meu gado roubado e até mesmo para não.morrer", denunciou o pecuarista que temendo por sua segurança pediu o anonimato.