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POLÍCIA

Guerra entre faccionados ex-aliados expõe problemas de gestão e sobrecarrega especializadas da Polícia Civil; Doze homicídios e tentativas em menos de uma semana

Guerra entre faccionados ex-aliados expõe problemas de gestão e sobrecarrega especializadas da Polícia Civil; Doze homicídios e tentativas em menos de uma semana

Podemos comparar a segurança pública como uma máquina, onde cada setor funciona como uma engrenagem, trabalhando num compasso ritmado e coordenado, mas, o problema é quando uma dessas engrenagens falha, sai do compasso, perde o ritmo. A tendência é que a máquina pare de funcionar e todo o trabalho seja perdido. 

É mais ou menos isso que vem acontecendo com a Segurança Pública acreana, que nos últimos dias em Rio Branco, mais precisamente nos últimos seis dias, registrou doze homicídios consumados e na forma tentada. O décimo segundo caso foi registrado na noite de quinta-feira, 24, no bairro Rosa Linda, região do Segundo Distrito.

As ações criminosas acenderam o sinal de alerta dentro da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP), da Polícia Civil, que tem ficado sobrecarregada com o número crescente de homicídios registrado num curto espaço de tempo. A informação foi passada pelo delegado Alcino Junior, titular da especializada na manhã de quinta-feira, 24, durante uma coletiva com a imprensa.

De acordo com o delegado, as mortes ocorreram depois de divergências pela disputa de poder entre membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e Bonde dos 13 (B13), ex-aliados e, agora, inimigos.

“É quase que público a divergência de ex-aliados, organizações criminosas que eram aliadas e isso tem ocasionado aumento no número de mortes. Nos últimos cinco dias tivemos nove ações criminosas entre homicídios tentados e consumados (até o momento da coletiva, outras três mortes ocorreram na tarde e noite do mesmo dia), só na capital e a tendência é que haja uma elevação nesses números, nessas ações. Quando falamos do número elevado de prisões, de tirar pessoas de circulação que comete esses homicídios, isso não é motivo orgulho, pois o homicídio já aconteceu, o trauma social já aconteceu. E quando a gente não tem um enfrentamento efetivo as organizações criminosas, a gente cria um problema, porque hoje não temos um sequestro que seja, que não tenha vínculo com organização criminosa, não temos uma boca de fumo que não tenha ligação com organizações criminosas. E infelizmente a gente percebe talvez um equívoco aqui na atuação do enfrentamento a essas organizações criminosas no Estado. Eu não tenho dúvidas que se não fizer um enfrentamento planejado, com inteligência, realmente atacando as lideranças, isolando esses criminosos, que planejam e que determinam essas ações, se isso não acontece, a tendência é aumentar o número de ações nas mais diversas vertentes criminosas, ou seja, homicídios, roubos, danos ao patrimônio e sequestros”, avaliou Alcino Junior.

Outro fato importante que compromete o trabalho da Polícia Judiciária no enfrentamento às organizações criminosas e que expõem um problema na gestão da segurança pública de uma forma geral é o fato da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas – DRACO, da Polícia Civil está a quase cinco meses sem delegado, o que sobrecarrega o trabalho de outras delegacias e faz com que criminosos atuem livremente.

“Não entro no campo da gestão, acho que isso tem que ser tratado pela gestão, mas o que posso dizer é que estamos sobrecarregados e a tendência é esses crimes de homicídios e tentativas de homicídios, assim como outros, aumentar em todo o Estado. A DRACO é essencial nesse trabalho de enfrentamento a essas organizações. Quando você não tem uma repressão eficaz, eficiente as coisas tendem a piorar. O enfrentamento tem que ser feito de forma inteligente, com ações cirúrgicas e que realmente vá refletir na diminuição dos crimes”, comentou o delegado.

Segundo informações repassadas à reportagem do NH, um novo delegado já foi destacado para chefiar a DRACO, mas ele está de férias e a especializada só iniciará os trabalhos após o seu retorno.