A irmã de Leane Gomes das Chagas, detenta que faleceu recentemente, lançou um vídeo contestando publicamente a nota emitida pelo Instituto de Administração Penitenciária (IAPEN), que afirmava ter oferecido assistência adequada a Leane. Ela denuncia o que considera omissões graves por parte do sistema prisional e descreve a dor de sua família diante da situação.
“Não fomos informados de que ela estava internada no pronto-socorro, ou de que algo grave havia ocorrido. A única informação que recebemos foi após o falecimento da minha irmã”, disse a irmã de Leane, ressaltando que a assistência alegada pelo IAPEN não corresponde ao que a família vivenciou. Ela descreve ter recebido apenas um caixão “coberto com papelão” e pede, em nome de sua dor, que as pessoas parem com comentários sobre sua irmã, destacando que, embora Leane estivesse presa, ela “não tirou a vida de ninguém”.
A irmã de Leane também faz um apelo aos familiares de outros detentos para que tomem providências, manifestando sua insatisfação com o tratamento dispensado pelo sistema prisional. Ela enfatizou a dificuldade emocional de lidar com o luto enquanto segue trabalhando para sustentar sua família, mas afirma que continuará buscando justiça.
Outro relato perturbador partiu de Andréa Fernanda, ex-detenta que ficou encarcerada de 2022 a 2024 na Unidade Prisional Feminina (UPF) e também questionou a postura do IAPEN. Andréa descreve as condições na unidade e denuncia o comportamento da diretora Dalvanir de Azevedo. Segundo ela, a diretora submetia as detentas a humilhações constantes, especialmente as pertencentes à comunidade LGBT.
“Ela nos tratava de uma forma que você se sente um lixo. Eu, como pessoa LGBT, sofri discriminação e humilhação”, conta Andréa. Ela relata que a diretora exigia que detentas “machinho” usassem roupas femininas, o que, segundo Andréa, era desnecessário e ofensivo. A ex-detenta também mencionou a proibição de atividades religiosas, alegando que a diretora dificultava o acesso a momentos de culto, que são, para muitos, a única fonte de conforto durante o encarceramento.
Andréa reforçou que o ambiente da prisão agrava o sofrimento, apontando problemas com a qualidade da alimentação e a humilhação enfrentada por familiares durante visitas. “A resocialização nem sempre é legal”, desabafou, pedindo para que o IAPEN substitua a diretora por alguém que tenha “amor ao próximo”.