O juiz Alesson Braz, do Tribunal do Júri, manteve nesta quinta-feira, 8, primeiro dia audiência de instrução do caso Nayara Vilela, um vídeo em que o empresário Tarcísio Araújo comenta publicamente a tragédia por meio de suas redes sociais.
O advogado de Tarcísio argumentou que o vídeo foi anexado ao processo sem o devido cumprimento das formalidades legais. Apesar da solicitação, o juiz entendeu que a publicação foi uma manifestação voluntária do réu e decidiu mantê-lo no processo.
Segundo Braz, ao divulgar sua posição de maneira pública, Tarcísio assumiu o risco de ter o conteúdo utilizado judicialmente.
Por outro lado, o magistrado atendeu parcialmente aos pedidos da defesa ao autorizar a retirada de uma entrevista concedida pelo empresário sobre o caso, por considerar que ela poderia comprometer a lisura do processo.
O Ministério Público do Acre (MPAC), que atua na acusação, contestou veementemente a tentativa da defesa de excluir o material. “O MPAC não está aqui tentando sabotar o processo. Pelo contrário, é a defesa que está tentando retirar provas legítimas”, afirmou o promotor.
A audiência segue nesta sexta-feira, 9, quando o juiz deverá decidir se o empresário será levado a julgamento pelo Tribunal do Júri, acusado formalmente de feminicídio.
Entenda o caso
Nayara Vilela, cantora conhecida no cenário musical acreano, foi encontrada morta em sua residência em maio de 2022, com marcas de disparo de arma de fogo. Inicialmente tratado como um caso de suicídio, o episódio levantou suspeitas por parte de familiares, amigos e das autoridades, que passaram a investigar a possibilidade de feminicídio.
As investigações apontaram contradições nos depoimentos de Tarcísio Araújo, que era marido e empresário da artista. O inquérito policial concluiu que Nayara foi vítima de feminicídio, e o Ministério Público ofereceu denúncia formal contra o empresário, que nega as acusações.