A Polícia Federal no Acre apresentou nesta quinta-feira, 9, o balanço oficial da operação Ojuara, deflagrada na quarta, 8, para desarticular organização criminosa formada por fazendeiros e servidores públicos. O grupo é suspeito de cometer uma série de crimes ambientais em propriedades rurais nos município de Boca do Acre (AM) e Lábrea (AM).
Entre os resultados da operação está a apreensão de 8.700 cabeças de gado que foram localizadas dentro de áreas que sofreram com o desmatamento ilegal. Outro dado que chama a atenção é o volume de dinheiro em espécie apreendido com o grupo: quase R$ 800 mil.
O dinheiro, segundo a PF, é resultado do arrendamento de terras da União que eram desmatadas, e depois griladas pela organização. Os suspeitos também tinham na venda do boi colocado dentro destas áreas sua principal fonte de renda.
“Estes contratos de arrendamento, em algumas situações, foram realizados em nome de laranjas, com o fim de simular e ocultar a origem ilícita destes valores”, afirmou o delegado Victor Granaes, da Polícia Federal. Ao todo foram cumpridos 36 mandados de busca e apreensão no Acre, Amazonas e Minas Gerais.
Foram presas 16 pessoas a partir de mandados judiciais, e uma em flagrante por porte ilegal de arma. Entre os presos está o ex-superintendente do Ibama no Acre Carlos Gadelha.
A PF afirma que os servidores do órgão que tiveram suas prisões preventivas decretadas recebiam propina dos fazendeiros para que estes não sofressem nenhum tipo de responsabilização - emitindo autos de infração com falhas que levariam a sua nulidade -, além de vazarem informações sobre eventuais operações do Ibama.
Já os policiais militares de Boca do Acre operavam como o braço armado dos fazendeiros, atuando como uma espécie de pistoleiros na expulsão de famílias de agricultores que há décadas ocupavam áreas cobiçadas pelos acusados. Os PMs ainda faziam a proteção dos locais onde ocorriam os desmatamentos, não permitindo a aproximação de estranhos.
De acordo com a PF, por conta dos resultados obtidos, a operação Ojuara pode ser considerada a maior já realizada pela instituição no estado no combate a crimes ambientais. Mais de 100 policiais federais e militares do Exército participaram das ações durante toda a quarta.
O balanço das ações realizadas foi o seguinte:
36 Mandados de Buscas cumpridos;
17 prisões efetuadas (16 Mandados de Prisão cumpridos e 1 prisão em flagrante);
11 automóveis apreendidos (carros e camionetes);
1 caminhão;
11 tratores;
1 aeronave monomotor;
10 armas de fogo (7 pistolas/revólveres e 3 espingardas);
800 mil reais (aproximadamente);
8700 cabeças de gado;