O presidente Lula afirmou em entrevista coletiva neste domingo, (18), que pode ter havido "conivência" de algum integrante do sistema penitenciário com a fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) ocorrida na última quarta-feira (14). A fala foi feita no mesmo dia em que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, viajou para o Rio Grande do Norte para acompanhar as investigações sobre a fuga, a primeira de uma penitenciária federal.
"A primeira pessoa que disse que estaria fazendo uma sindicância para apurar se houve participação de alguém que trabalhava no presídio foi o ministro Lewandowski e, por isso, estamos à procura dos presos e esperamos encontrá-los. Queremos saber como esses cidadãos cavaram buraco e ninguém viu. Só faltaram contratar escavadeira", afirmou Lula em entrevista antes de deixar a Etiópia, país onde cumpriu parte de sua agenda de viagens pela África.
Na sequência, o presidente disse: "Não quero acusar, mas teoricamente parece que teve conivência de alguém do sistema lá dentro, mas não posso acusar ninguém, sou obrigado a acreditar que uma investigação que está sendo feita pela polícia local e a Polícia Federal nos indique amanhã ou depois de amanhã o que aconteceu no presídio de Mossoró. É a primeira vez que foge alguém desses presídios. Isso significa que pode ter havido relaxamento e precisamos saber de quem."
Lewandowski deixou Brasília nesta manhã junto com o diretor-geral em exercício da Polícia Federal, Gustavo Souza para acompanhar de perto as investigações do episódio. Ele será recebido pela governadora do estado, Fátima Bezerra (PT) e seguirá para a delegacia da PF na região.
O ministro afastou a direção da penitenciária no mesmo dia da fuga e nomeou um interventor, Carlos Luis Vieira Pires, que já dirigiu a penitenciária federal de Catanduvas (PR). A Polícia Federal apura se a fuga teve a ajuda de um agente penitenciário ou operário de obras feitas na unidade. Ao todo, cerca de 300 agentes federais, drones e três helicópteros, com equipes especiais da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, estão sendo utilizados nas operações de busca.
Os dois presos são Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, conhecido como "Tatu" ou "Deisinho", de 33 anos. Ambos possuem ligações com a facção criminosa Comando Vermelho, a mesma do traficante Fernandinho Beira-Mar, que também estaria preso na penitenciária de Mossoró. A localização dos detentos do sistema penitenciário federal é sigilosa.
Os dois fugitivos naturais do Acre foram transferidos para Mossoró em 27 de setembro de 2023, após participar de uma rebelião no presídio de Antônio Amaro, em Rio Branco. A revolta terminou com a morte de cinco presos, três deles decapitados.