Na edição desta segunda-feira (2) do Podcast Conversa Franca, o jornalista Willamis França recebeu o advogado criminalista Wellington Franck, defensor de Tarcísio Araújo, para discutir os desdobramentos do caso envolvendo a morte da cantora Nayara Vilela. Durante a entrevista, Franck apresentou pontos relevantes da defesa, esclarecendo as circunstâncias do processo e reforçando que seu cliente é vítima de uma acusação injusta.
O advogado destacou que, embora haja rumores de que Nayara apresentava um quadro depressivo e de que teria manifestado anteriormente pensamentos suicidas, não existe qualquer comprovação documental que ateste um diagnóstico formal de depressão grave.
“Não há nenhum prontuário médico, nenhum laudo, nenhuma prescrição formal que comprove que ela sofria de depressão. Ela passou por três atendimentos terapêuticos, e a terapeuta apresentou um relatório apenas depois do ocorrido”, explicou Franck.
Segundo o defensor, o próprio Tarcísio só teve conhecimento de uma carta com conteúdo suicida após a tragédia, ao acessar dados armazenados na nuvem do celular da cantora. O conteúdo revelaria uma intenção pré-existente de tirar a própria vida, fato que, segundo ele, reforça a tese de que seu cliente não teve qualquer participação no desfecho trágico.
“Inclusive, pessoas próximas da Nayara que, num primeiro momento, ficaram contra o Tarcísio, mudaram de opinião ao tomar conhecimento da carta. Foi uma morte anunciada. Ele não foi o estopim. Nem ele, nem a mãe dela sabiam da gravidade do que estava acontecendo”, afirmou.
Wellington Franck também revelou que a mãe da cantora, mesmo sendo profissional da saúde, não reconhecia que a filha sofria de depressão e fornecia medicamentos sem prescrição médica. “Não há nenhuma receita nos autos, o que mostra que esse suposto quadro depressivo não está devidamente comprovado.”
Ao ser questionado se o Tarcísio seria inocente, o advogado foi enfático:
“Totalmente. Ele é uma vítima. Perdeu a esposa, enfrentou dor, sofrimento, e agora um processo injusto. Isso jamais deveria ter acontecido.”
Entenda a acusação
Tarcísio Araújo responde a um processo por homicídio qualificado, na modalidade omissiva própria. De acordo com a denúncia do Ministério Público, ele teria deixado de agir para evitar a morte da esposa, mesmo tendo o dever legal de cuidado — já que se tratava de uma relação conjugal.
“O MP entende que ele se omitiu diante de um dever legal. Essa omissão, segundo a acusação, teria contribuído para o resultado morte. E como o caso ocorreu em contexto doméstico, foi enquadrado como feminicídio, o que agrava ainda mais a pena”, explicou o criminalista.