A Polícia Civil do Acre deve abrir inquérito para investigar os problemas ocorridos durante realização das provas do concurso da Prefeitura de Rio Branco, no último domingo, dia 17. O certame foi organizado pela Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape), ligada à Universidade Federal do Acre (Ufac).
Com o número de provas menor que o de candidatos, em algumas salas de aula, os candidados precisaram fazer a prova em dupla. Além disso, houve o uso de celular dentro da sala de aula sem qualquer repreensão, além de malotes de provas serem trocados e as provas do período da tarde serem aplicadas pela manhã, prejudicando a lisura do processo e maculando a imagem do concurso.
Ainda no domingo, dezenas de candidatos procuraram a Delegacia de Flagrantes, na Capital denunciar os problemas. Horas depois, após a intervenção da prefeita Socorro Neri junto à Fundape, o concurso teve as provas anuladas e foi suspenso o processo até uma nova data de aplicação das provas. Mesmo assim, os registros já estavam feitos e os participantes se sentiam prejudicados pelas “trapalhadas” –como classificou a Prefeitura- do certame.
O Notícias da Hora apurou que a Delegacia de Combate à Corrupção deve ser a responsável por investigar os problemas do processo de seleção. Ainda que não haja provas, momentaneamente, de que os problemas foram fruto de uma fraude, principalmente pelos pacotes de provas abertos, a polícia deve descobrir quem causou o erro na metodologia definida pela Fundação.
A Polícia Civil confirmou que os registros e ocorrências foram feitos, mas que os inquéritos ainda não foram abertos na respectiva delegacia, porque os boletins não haviam sido distribuídos ainda. Há, segundo informado, um tempo para essa distribuição interna. O código penal pontua que fraudar concurso público é crime e elenca punições para a prática.
PROVAS FORA DA REGRA - Um grupo de candidatos procurou o Notícias da Hora para informar que vai procurar o Ministério Público do Acre (MP/AC) e formular denúncia a respeito de ques~toes da prova que estariam em desacordo com o conteúdo programático informado no Edital de abertura do concurso público. Os participantes alegam que houve reprodução de questões que estavam na internet, e que os profissionais que fizeram as questões cometeram plágio, já que não citam as fontes.
Os problemas nas provas vão além da cópia, passando pela citação de autores desconhecidos, até à complementação de frases tal qual descritas em páginas específicas de livros cujos títulos não foram sugeridos para leitura no edital do certame. “Eu me senti muito prejudicada. Como está tudo errado nesse concurso, anularam tudo, cancelaram a aplicação, o que mostra que estão com medo. A prefeita tem medo de cancelar e se queimar com a Ufac. Que decepção”, diz o pedagogo André Silva.
A reportagem tentou contato com a Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape), mas o telefone geral da instituição não foi atendido na tarde de terça-feira, dia 19. A reaplicação das provas deve ter data divulgada até a próxima sexta-feira, dia 22. Até lá, é incerto se a Prefeitura de Rio Branco manterá ou não a Fundape à frente do certame.
O Notícias da Hora conversou com o coordenador de uma banca de concursos a respeito dos conteúdos que devem ser aplicados na prova. Sem gravar entrevista, o executivo confirmou que todas as questões das provas devem estar embasadas nos conteúdos previstos no edital de abertura ou adendos que possam ser publicados em seguida. “Não pode ter nada fora daquilo que se escreveu no Edital, se não, para que serviria edital, não é verdade?”, destacou.