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POLÍCIA

Porto Walter e Assis Brasil aparecem na rota do narcotráfico em publicação do Ipea que mostra a dinâmica da cocaína e do skunk do lado brasileiro

Porto Walter e Assis Brasil aparecem na rota do narcotráfico em publicação do Ipea que mostra a dinâmica da cocaína e do skunk do lado brasileiro

Um artigo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), agora em abril, mostra que as fronteiras do Acre com o Peru e a Bolívia exercem papel relevante quando o assunto é o tráfico de dois tipos de entorpecentes: a cocaína e o skunk, a supermaconha. Para a pesquisadora, Aiala Colares Oliveira Couto, apenas uma política internacional entre Brasil, Peru, Bolívia e Colômbia será capaz de criar mecanismos para frear o avanço do narcotráfico e neutralizar seus efeitos na sociedade.

“A Amazônia brasileira exerce importante papel para o mercado global do narcotráfico, sobretudo a partir de sua fronteira com os países Andinos (Peru, Bolívia e Colômbia). A região é um importante corredor de passagem dos fluxos cocaína e skunk, daí tornar-se importante a cooperação entre os países da Pan-Amazônia, com intuito de construir uma agenda de segurança regional com foco na segurança pública dos países amazônicos”, diz a pesquisadora em um trecho do artigo Relações Transfronteiriças do Narcotráfico na Amazônia: dos Crimes conexos aos desafios da Segurança Regional.

No Acre, as rotas do narcotráfico estão concentradas por vias fluviais, utilizando o Rio Juruá, tendo a cidade de Porto Walter como uma das principais cidades utilizadas pelo crime para a entrada da droga no Brasil. O Rio Purus também é rota do corredor fluvial da droga. Quando se fala em rota terrestre, a BR-364, de Cruzeiro do Sul a Rio Branco também é citada. Não distante desta realidade está a BR-317, de Assis Brasil a Rio Branco.

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Mas, o que chama a atenção são as rotas aéreas do narcotráfico. A droga que sai de Pucallpa, no Peru, chega a Porto Walter de avião e de lá o entorpecente pega o Rio Juruá. O mesmo acontece com a cocaína que sai da região de Cuzco, chega à fronteira acreana por meio de avião, acessa Assis Brasil, por via terrestre, e segue pela BR-317, já do lado brasileiro. O skunk e a cocaína que vem da Bolívia usam uma rota que liga La Paz ao Aeroporto de Rio Branco.

“É preciso chamar a atenção para o fato de que o Brasil esteve recentemente submetido a um governo (2019-2022) que instituiu uma política de destruição do meio ambiente e de expansão do pasto, da extração de madeiras e do garimpo ilegal, a partir da qual o narcotráfico encontrou facilmente formas operacionais de conexão com essas atividades, infiltrando-se nas mais variadas estruturas sociais. Assim, a terra passou a ser vista como mercadoria; e a floresta, enquanto fonte de recursos a ser explorada, para fins de acumulação por espoliação (Harvey, 2005)”, afirma a pesquisadora.

Na última sexta-feira (19), os deputados estaduais viram na prática o que a pesquisadora do Ipea concluiu. Eles ouviram da população de Cruzeiro do Sul sobre os efeitos nocivos que a rota do narcotráfico tem causado, principalmente para o comércio local. Comerciantes são extorquidos pelo crime em troca de “segurança”. A cobrança de dinheiro por proteção foi um dos assuntos que permeou o encontro. Parlamentares pediram uma operação mais firme no enfrentamento a este tipo de delito, com ações mais firmes e assertivas, utilizando para isso os setores de inteligência.