Rio Branco está entre as 20 cidades mais violentas do Brasil. É o que aponta um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), O Atlas da Violência – Retrato dos Municípios Brasileiros 2019. Foram analisados 310 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes em 2017 e fez um recorte regionalizado da violência no país.
Em 2017, Rio Branco registrou 324 homicídios, alcançando uma taxa de 85,3, sendo também uma das maiores médias entre as capitais brasileiras, superando o Rio de Janeiro, com 35,6 e São Paulo com 13,2.
O estudo revela que a violência migrou nos últimos 10 anos para o Norte e Nordeste do País, ocupando áreas onde os índices de desenvolvimento econômico e social são baixos.
Em 11 anos, a violência mais que dobrou em Rio Branco, com acentuação maior nos três últimos anos do período analisado. A taxa média de homicídios em 2007 era de 33,1. Em 2008 (26,3); 2009 (31,8), 2010 (30,2); 2011 (23,5); 2012 (29,0); 2013 (38,3); 2014 (41,4); 2015 (34,2); 2016 (63,1) e 2017 (85,3).
Ao analisar o Acre como um todo, “é possível observar que quase todo o estado apresentava taxa estimada de homicídios acima de 20,0, com exceção do município de Marechal Thaumaturgo (0,0), mais ao nordeste do estado. As maiores taxas 24 Atlas da Violência 2019 estavam presentes na capital, Rio Branco (85,3), Porto Acre (80,2), Assis Brasil (57,3) e Senador Guiomard (51,0), localizados nas microrregiões de Rio Branco ou de Brasileia, ao sul do estado. Outros dois municípios com altas taxas de homicídio eram Cruzeiro do Sul (64,1) e Feijó (54,9). Segundo o Ministério Público do Acre, esses dois municípios situam-se na rota do tráfico de cocaína que saem de cidades peruanas e passam pelas regiões de Juruá, Alto Acre e Purus”, diz o estudo.
E acrescenta: “Certamente, muitas mortes no estado têm relação com os confrontos entre Primeiro Comando da Capital (PCC) e B13 com o Comando Vermelho, em uma disputa por rotas de escoamento das drogas em um estado que possui fronteira de 1,4 mil quilômetros com Bolívia e Peru, países produtores de cocaína. Tais embates são reconhecidos pela Polícia Civil, que afirma que há um “acirramento de uma guerra entre grupos criminosos que tentam se consolidar e dominar o mercado do comércio varejista e atacadista de armas, drogas e produtos receptados”. Entretanto, dinamizando as facções locais, os dados do Departamento Penitenciário Nacional (Infopen) indicam que o Acre tem a segunda maior taxa de aprisionamento do país e que 45% da população presidiária são jovens”.