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POLÍCIA

Roubos aumentaram 50% no segundo governo de Tião Viana

Roubos aumentaram 50% no segundo governo de Tião Viana

O governo Tião Viana acabou, mas os resultados da "desastrosa" gestão do setor de Segurança Pública seguem maculando a sociedade acreana. Entre 2014 e 2018, os quatro anos do segundo mantado do petista médico, os registros de roubos aumentaram em 50%, recorde no comparativo dos últimos anos.

Tião Viana, assim que assumiu pela segunda vez o posto político mais poderoso do estado, correu em nomear o ex-delegado da Polícia Federal Reni Graebner. Mas a gestão com o federal não durou muito tempo. Meses depois, foi a hora de trocar o comando da então chamada SESP, e assumiu o delegado estadual Emylson Farias.

Justamente nesse período, a chegada de organizações criminosas se intensificou, com o recrutamento de jovens, muitos deles já ligados ao crime e que até então atuavam em áreas que acabaram dominadas por essas facções. Como consequência, o cenário de violência atual enseja uma certa “retroalimentação” do crime organizado.

A avalição foi do secretário de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Paulo Cezar dos Santos, que é coronel da reserva da Polícia Militar do Acre. Cezar é taxativo ao afirmar que sem prevenção será quase impossível conter o crime organizado atuante no estado acreano.

Em meio a tantos escândalos no setor de segurança pública, os índices da criminalidade aumentavam sem parar. O Anuário da Violência, publicado na semana passada pelo Ministério Público do Acre (MP/AC) confirma apenas a sensação que a população já sente nas ruas, em casa, ou no local de trabalho.

Até então, crime se mostrava real de outra forma. Houve, portanto, transformação na forma de prática. “Em um primeiro momento, as ações criminosas se desenvolveram a partir de ataques contra o patrimônio público e privado, praticados como retaliação às ações preventivas e repressivas desenvolvidas pelo Sistema de Segurança Pública do Estado”, pontua.

As mortes que antes eram baixas face à briga de territórios para o crime, agora, tornaram-se o personagem principal da novela que assusta as famílias de pessoas de bem, muitos deles familiares dos agora classificados como “faccionados”. O relatório destaca que “a partir de 2016, o interesse das ORCRIMs no domínio das rotas do tráfico de drogas, assim como do mercado de consumo de drogas no estado, fez explodir uma guerra entre as facções.”

E foi justamente essa guerra que ecoou até 2020, marcando um janeiro sangrento com quase 50 mortes. “Fato este que refletiu, consideravelmente, no inflacionamento dos números de assassinatos, roubos e, consequentemente, da população carcerária”, diz o documento. Justamente o que o Ministério Público já considerava como fato dado frente aos números que corriam como gotas de sangue.

No penúltimo ano de Tião Viana comandando o Palácio Rio Branco, a situação ficou ainda pior, chamando a atenção nacionalmente. “Em 2017, o Acre apresentou a segunda maior taxa de mortes violentas intencionais (MVI), bem como a maior taxa de homicídios dolosos do país”, lembra o documento ao citar dados do Fórum de Segurança.

Já no ano seguinte, 2018, os números apresentaram leve melhora. Sobre isso, o MP/AC comenta: “Mesmo que em 2018 o estado tenha apresentado significante redução de 22% no número de MVI e, consequentemente, decréscimo da taxa, que caiu de 64,0 para 47,9 vítimas para cada grupo de 100 mil habitantes, ainda assim se manteve bem acima da taxa nacional que foi de 27,5 no referido ano”, diz.

Apesar de emplacar no ranking nacional como um dos estados que mais registrou mortes violentas, o problema parece não ter sido falta de investimentos, mas falta de planejamento e gestão na elaboração e execução de projetos que realmente levassem não apensas a sensação, as a efetiva segurança às pessoas. O Acre seguiu prendendo muito.

“No tocante ao sistema prisional acreano, segundo último levantamento nacional de informações penitenciárias, realizado pelo DEPEN, em junho de 2017, o estado apresentou a maior taxa de aprisionamento dentre os estados da federação, além da terceira maior taxa de ocupação”, lembra o anuário.

O fato é que o Acre, na contramão dos resultados pifeis na gestão de segurança pública, teve em 2018 o maior gasto per capta do país com a segurança pública. Isso confirma que as estratégias utilizadas pelo governo petista eram realmente “um ponto fora da curva”, expressão utilizada pelo ex-secretário Emylson Farias.