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POLÍCIA

Transsexual que sofreu agressão no Mercado do Bosque relata caso ao MPAC

Transsexual que sofreu agressão no Mercado do Bosque relata caso ao MPAC

O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio do Centro de Atendimento à Vítima (CAV), recebeu, nesta semana, Michelle Queiroz, que relatou ter sofrido agressão física na madrugada do sábado (2), no Mercado do Bosque, em Rio Branco.

A equipe do CAV prestou todo o apoio e orientação à mulher quanto a seus direitos, e a encaminhou à 1ª Delegacia de Polícia Civil.

O órgão auxiliar vai acompanhar a investigação do caso, até a conclusão do inquérito policial, sob a condução do delegado Judson Barros.

Troca de agressões

O caso repercutiu na imprensa local nesta quarta-feira (6). Michele Queiroz diz que foi cuspida e agredida pelo assistente social Carlos Gomes. O caso foi parar na polícia. As versões dadas na delegacia por ambos são diferentes. Carlos afirma que levou um tapa de Michele enquanto passava por um dos corredores do mercado e que reagiu perguntando o porquê da agressão. A partir do questionamento surgiu a confusão.

"Não me omiti e nem fugi das responsabilidades dos meus atos, registrei um boletim de ocorrência sobre o fato e já fui ouvido pela polícia. Sobre os questionamentos do caso em que ocorreu no final de semana em que fui envolvido, esclareço que, de fato, houve uma confusão no Mercado do Bosque, levei um tapa dessa pessoa enquanto passava pelo local. Retornei para questionar o motivo, houve um princípio de confusão. Me retirei do Mercado do Bosque. Registrei um boletim de ocorrência e estou com o advogado acompanhando o caso", disse Carlos Gomes ao Notícias da Hora.

Já Michele Queiroz diz que Carlos cuspiu nela e depois, quando perguntado sobre a razão da agressão, encheu a transsexual de porrada.

"Ele cuspiu e saiu andando no corredor (do mercado). Quando ele saiu andando, eu cutuquei ele e perguntei por que tinha feito aquilo. Quando ele virou já foi transtornado e louco me batendo, me agredindo e só não foi pior porque as pessoas me defenderam. Se não tivesse ninguém ali para apartar ele tinha feito algo bem pior. Ele me chutou no chão, chutou meu quadril. No que ele me chutou e viu que eu estava caída, ele saiu do local correndo. Igual a um covarde", afirma.

Michele havia acabado de sair de um consultório psicológico quando atendeu o telefonema da reportagem. Ela disse que está bastante abalada.

"Eu nunca fui agredida nem por um homem hétero, e ser agredida por um homem gay é triste e ao mesmo tempo revoltante."

Michele Queiroz diz ainda que as agressões de Carlos são "pura misoginia e transfobia".

"Misoginia pura, transfobia, porque eu não falei nada pra ele. Ele me cuspiu como se tivesse aversão ao feminino. Estão dizendo por aí que tem motivação política. Não tem nada de político. Tu acha que quatro horas da manhã eu vou falar sobre política no Mercado do Bosque?"

Por ouro lado, Carlos Gomes refuta ao dizer que "respeito" deve ser obrigação de todos e que sempre repudiou qualquer forma de discriminação.

"Reafirmo meu total repúdio a quaisquer formas de discriminação a orientação sexual e identidade de gênero. Mas respeito deve ser obrigação de todos e todas uma para com os outros."