Filha do político conhecido como Nilton Capixaba, Natielly Karlilly Balbino, de 35 anos, que agora tenta deixar a prisão, para onde foi acusada de integrar uma quadrilha de tráfico de drogas, já teve o nome envolvido em outras polêmicas. Nos anos 2000, durante um tumultuado processo de separação dos pais ela se viu envolvida na disputa pela criação de gado de uma das fazendas de Nilton, em Cacoal, cidade a cerca de 500km de Porto Velho, Rondônia. A mãe da jovem acusava o ex-marido de tentar retirar animais de uma propriedade, onde chegou acompanhada da filha, num episódio que foi mais comentado na região e não chegou a ganhar destaque na mídia nacional. Dizem que, à época, a mãe de Natielly não deixou que Capixaba, que chegou à propriedade numa camionete, levasse parte do gado.
Sempre perto do poder, Natielly chegou a ser assessora do governo de Rondônia, durante a gestão de Daniel Pereira, que a exonerou em dezembro de 2018. Pereira encerrou o mandato no ano seguinte. No ano passado, Natielly teve uma nomeação para cargo de assessora especial revogado pela então prefeita de Cacoal, Maria Aparecida Simões. Vereadora, Maria Aparecida havia assumido o cargo em outubro do ano passado no lugar de Glaucione Rodrigues, afastada pela Justiça por suposto envolvimento num esquema de fraude. Este ano, Adailton Furia (PSD) assumiu o cargo.
Natielly foi presa durante a operação Carga Prensada da Polícia Federal, no último dia 15 deste mês. Ela é suspeita de integrar uma quadrilha que enviava grande quantidade de cocaína para outros estados. Loura de cabelos compridos, sempre bem vestida e exibindo joias, ela foi detida na cidade de Cacoal. Em 2020, Natielly, que só tinha completado o ensino médio, havia sido aprovada no vestibular de uma faculdade privada do município rondoniense para cursar biomedicina. Os agentes apreenderam, durante a prisão, bens pessoais da suspeita como equipamentos eletrônicos e joias. A operação da PF atingiu outros sete estados, em que foram cumpridos 45 mandados de prisão e 63 de busca e apreensao. O marido de Natielly já tinha sido preso em Goiás por tráfico.
O pai de Natielly também se viu envolvido nas tramas da lei. Em abril de 2018 - mesmo ano em que ela foi exonerada do cargo no governo de Rondônia -, Nilton Capixaba foi condenado por corrupção passiva a seis anos, em regime semiaberto. Ele foi o terceiro parlamentar preso a ser autorizado a trabalhar na Câmara dos Deputados durante o dia e voltar à noite para o presídio da Papuda. O pedido foi aceito à época pelo ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF). Capixaba tinha sido investigado no âmbito da "Máfia dos Sanguessugas", como ficou conhecido o grupo que fraudava licitações e desviava recursos de emendas parlamentares que deviam ser destinados à compra de ambulâncias. Na época, a PF estimou que a máfia movimentou cerca de R$ 110 milhões.