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POLÍTICA

A face feminina de um câncer social: Mais de 100 mulheres vivem nas ruas de Rio Branco enquanto políticas públicas falham em romper o ciclo dos “invisíveis”

A face feminina de um câncer social: Mais de 100 mulheres vivem nas ruas de Rio Branco enquanto políticas públicas falham em romper o ciclo dos “invisíveis”

A Capital acreana carrega uma ferida social que sangra a olhos vistos; e tem também tem rosto de mulher. Segundo dados da Secretaria de Assistência Social de Rio Branco (SASDH), 108 mulheres vivem em situação de rua na cidade, muitas delas concentradas no “coração” de Rio Branco, onde convivem diariamente com a fome, a violência e o abandono.

O número, embora alarmante por si só, escancara o fracasso coletivo em proteger as mais vulneráveis. O que poderia ser apenas uma estatística é, na verdade, a radiografia de um sistema que marginaliza, silencia e ignora.

Essas mulheres, muitas em situação de extrema vulnerabilidade, enfrentam não só a falta de moradia, mas a violência sexual, exploração, dependência química, gravidez indesejada, perda da guarda dos filhos, problemas de saúde mental e abandono familiar.

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Em resposta à crescente pressão social, o secretário da SASDH, João Marcos Luz apresentou ao Notícias da Hora uma lista de ações desenvolvidas pela pasta, que vão desde abrigos temporários até cursos profissionalizantes.

Segundo ele, há políticas voltadas à saúde integral, moradia assistida, apoio jurídico e programas de geração de renda. A Unidade Dona Elza, por exemplo, um espaço exclusivo para acolher mulheres em situação emergencial.

Enquanto as planilhas mostram esforço, a realidade mostra estagnação. As medidas, muitas vezes burocráticas ou paliativas, não têm conseguido acompanhar o ritmo de crescimento do problema. Pior: a ausência de ações efetivas de prevenção, de longo prazo e com escuta ativa das próprias mulheres em situação de rua, revela um abismo entre o que é prometido e o que se entrega na prática.

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A recente mudança do Centro Pop, ponto de atendimento de referência para a população em situação de rua, também levanta polêmica: será que realocar o problema é o mesmo que resolvê-lo? Por enquanto, a calçada é lar, o papelão colchão e as praças públicas um campo de sobrevivência.

Ações desenvolvidas pela Secretaria de Assistência Social de Rio Branco (SASDH):

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Acolhimento e Moradia Temporária
• Abrigos exclusivos para mulheres (ou com áreas específicas para elas), garantindo segurança e proteção contra abusos.
• Casas de passagem para situações emergenciais, com acesso rápido e sem burocracias excessivas. Unidade Dona Elza .
• Moradia assistida ou programas de aluguel social, promovendo transição para autonomia.

2. Saúde Integral
• Acesso facilitado à atenção básica à saúde, incluindo saúde mental.
• Atendimento ginecológico e saúde reprodutiva, incluindo distribuição de absorventes, anticoncepcionais e pré-natal humanizado.
• Programas específicos para tratamento de dependência química, com enfoque em traumas e violências de gênero.

3. Proteção Social e Cidadania
• Cadastro facilitado no CadÚnico e acesso ao Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), entre outros.
• Apoio jurídico para documentação civil, guarda de filhos, proteção contra agressores e acesso à justiça.

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4. Geração de Renda e Capacitação
• Oficinas, cursos e programas de inclusão produtiva, voltados especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade.
• Parcerias com empresas para oferecer empregos formais, com acompanhamento psicossocial.

5. Articulação Intersetorial e Participação
• Integração entre áreas como saúde, assistência social, habitação, justiça e segurança pública.
• Participação ativa das mulheres em situação de rua no planejamento e avaliação das políticas.