Com medo da má repercussão na mídia e nos bairros da cidade, e pressionado para colocar em pauta o pacote de leis que reajustam salários dos vereadores, prefeito, vice-prefeita, secretários municipais e assessores especiais do prefeito Tião Bocalom, o presidente da Câmara Municipal de Rio Branco, Raimundo Neném, suspendeu a sessão e se reuniu a portas fechadas com os vereadores N. lima e Célio Gadelha e outro grupo de assessores.
Neném teme colocar em pauta os projetos e se ver prejudicado pela pressão populares diante do momento em que a cidade vive. Em 2024 haverá eleição, e os vereadores querem colocar em votação tudo que for polêmico agora, temendo prejuízos no pleito eleitoral. Para justificar a possibilidade de pauta, joga a responsabilidade para os demais colegas, e alega que não pensa ser esse o momento ideal para discutir o assunto. Contudo, nos bastidores, permite as negociações.
A tentativa de pautar e permitir a votação e aprovação das propostas a toque de caixa, nesta terça-feira, prevê, ainda, a criação de 70 novos cargos comissionados para atuarem na equipe do prefeito Tião Bocalom. A aprovação, se ocorrer, será em tempo recorde, impactando em milhões de reais a mais no gasto com folha de pagamento. O vereador Fábio Araújo, 1º secretário da Mesa Diretora, confirmou a intenção de pautar o pacote ainda nesta semana.
Se aprovado, o projeto vai garantir aos vereadores um salário de quase R$ 20 mil. Já para o prefeito Tião Bocalom, a rubrica deve ser ainda maior. Isso, trocando em miúdos, vai ter efeito cascata: secretários e assessores especiais da Prefeitura de Rio Branco também terão aumento nos salários que recebem. Enquanto isso, servidores da Casa de Leis pelejam por um reajuste real nos salários.
Outra proposta que deve ser colocada em discussão por Raimundo Neném e Fábio Araújo é o projeto que aumenta a verba de gabinete dos vereadores para R$ 50 mil. Além disso, há a proposta de criação de outros 70 cargos comissionados para ficarem à disposição da gestão de Tião Bocalom. Se aprovada, será a quarta proposta de criação de cargos a ser sancionada pelo gestor municipal que está há dois anos à frente da prefeitura.
Se levado em conta apenas o aumento na verba de gabinete, cujo reajuste passa de 30%, o impacto anual na folha de pagamento da Casa de Leis será de R$ 10,2 milhões, ou R$ 850 mil mensais.
Em entrevista à imprensa local, Fábio Araújo confirmou a intenção de que o projeto seja pautado: “O projeto existe e está na gaveta do presidente [Raimundo Neném] há dois meses e acredito que deve entrar em pauta nesta semana”, frisou o vereador em entrevista na sede do Poder Legislativo.