Um encontro realizado na manhã desta segunda-feira, 9, em Campinas (SP), reuniu representantes dos governos dos estados do Acre, Amazonas e Rondônia em torno da criação da Zona Especial para o Desenvolvimento Agropecuário entre os três estados que será chamada de Amacro.
A Embrapa Territorial – unidade temática da Embrapa que atua na viabilização de soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação em inteligência, gestão e monitoramento territorial – foi a sede da reunião, além de grande parceira da construção do projeto, arquitetando sua viabilidade a partir do sucesso da zona de desenvolvimento Matopiba, que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Com a criação da Matopiba, na década de 2010, a região se viu com diversas transformações socioeconômicas ligadas à ampliação da infraestrutura viária, logística e energética, tendo, entre outras consequências, o surgimento de pólos de expansão da fronteira agrícola baseados na adoção de tecnologias agropecuárias de alta produtividade.
Assim, após uma conversa com representantes do setor privado, o governador Gladson Cameli decidiu se unir aos estados do Amazonas e de Rondônia e trazer o modelo da Zona pela primeira vez para a região Norte, fazendo parte de seu programa de governo para o desenvolvimento do agronegócio como principal bandeira econômica do Acre.
Interesses de todos
Anfitrião do encontro, o chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, ressaltou o papel da instituição e apresentou os dados de consolidação do Matopiba, que hoje possui 73 milhões de hectares envolvidos, divididos entre 337 municípios e 61 cadeias produtivas que avançaram entre programas de amplo alcance e de alcances específicos.
“E aqui para o Norte o que nós queremos fazer agora é um desenvolvimento com conservação. E isso exige uma construção técnica, mas conjunta, então cada estado está mostrando suas especificidades, suas capacidades, seus conhecimentos e isso me deixa muito satisfeito do dia de hoje, quando acho que teremos no final uma proposta muito boa que reflete as expectativas de cada estado”, conta Miranda.
A comitiva do governo do Acre destacou que o estado tem suas áreas de agronegócio mais desenvolvidas ao leste e que a Amacro poderia se delimitar em solo acreano nos municípios que ficam nos eixos da BR-317 (que possui saída para o Oceano Pacífico pelo Peru) e a BR-364 (que o liga o estado ao resto do Brasil indo até o Vale do Juruá).
Contam ainda a favor da prosperidade do Acre dentro da Amacro a entrega da ponte sobre o rio Madeira e o decreto do estado como zona livre de febre aftosa sem vacinação, ambos no final do ano. E visando o desenvolvimento do agronegócio com conservação ambiental, o estado ainda sugeriu a criação de um fundo de proteção ambiental com a Amacro como pagadora e as comunidades tradicionais como provedoras.
“Essa reunião hoje foi importante para elencarmos tanto os pontos de infraestrutura quanto de quadro agrário e social pra gente poder saber no que trabalhar e no que focar. É avançar realmente nos problemas existentes para provocar as políticas públicas para a região, trazendo o desenvolvimento para quem mais precisa, que são os nossos produtores rurais”, conta Cemilla Carmo, chefe de Departamento de Logística e Mecanização da Secretaria de Produção e Agronegócio do Acre (Sepa).
Ainda entre expectativas e desafios, o Amazonas destacou que pretende colocar de 7 a 11 municípios na Zona de Desenvolvimento, ainda que seja necessário uma atenção nas últimas reservas de conservação criadas no estado. Já Rondônia ressaltou sua necessidade de fortalecer as oito cadeias produtivas mais desenvolvidas do estado, junto a mudanças na legislação ambiental. Os dois estados também estão sendo beneficiados mutuamente pelas obras de recuperação e pavimentação da BR-319 que liga Manaus a Porto Velho
Organizando etapas
Com o encontro, as demandas dos governadores do Acre, Amazonas e Rondônia foram apresentadas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com expectativas de oficialização da Zona de Desenvolvimento já para a próxima semana pela ministra Tereza Cristina.
Com isso, a Embrapa Territorial firmará um cronograma de atividades para que em cerca de quatro meses possa delimitar o tamanho da Amacro e assim ter a definição assinada pelo presidente Jair Bolsonaro talvez já no final do ano. Logo então, a agenda de prioridades será organizada.
Orlando Castro, diretor de cadeias produtivas do Mapa, esteve presente na reunião e ressaltou que a Amacro é sim um projeto considerado estratégico para o governo federal.
“Essa é uma pauta que está como prioritária dentro do ministério. E dentro do nosso departamento temos a coordenação geral de projetos regionais que se encaixa perfeitamente dentro do projeto da Amacro. Para o Mapa isso é fundamental”, declarou Castro.
O encontro contou ainda com a presença e colaboração do diretor financeiro do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Acre (Sebrae), Francinei Santos, e o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre, Assuero Veronez.