Para ela, o saber tradicional, a vivência do dia a dia de quem mora na Amazônia e conhece os seus problemas e necessidades, devem ser levados em consideração pelos gestores públicos, antes mesmo de qualquer discurso de quem não conhece as profundidades do bioma
A acreana Julie Messias, secretária de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente e coordenadora da participação do Brasil na COP-27, realizada em Sharm el-Sheikh, no Egito, disse que é preciso levar em consideração os saberes dos amazônidas. Para ela, é preciso conciliar conhecimento científico com os conhecimentos e experiências de quem vive na Amazônia. Ela criticou que há muitas vozes querendo falar por quem realmente mora na região.
E acrescentou: “o que mais ouço aqui é falar em nome da Amazônia ou dos amazônidas. Isso me causa um profundo descontentamento no sentido de que essas pessoas, a maioria delas, não tem a menor noção do que nós estamos falando ou fazendo aqui. A gente só vai conseguir avançar quando o conhecimento tradicional, o conhecimento dessa região seja agregado à ciência e não a ciência dizendo o que deve ser feito lá. Eu acho que ouvir essas pessoas, entender a vocação da Amazônia é fundamental para este processo e não só da Amazônia, como também dos nossos outros biomas”, disse Julie Messias.
Julie Messias, que foi a responsável pelos painéis apresentados durante a COP-27, disse ao Notícias da Hora que já trabalha a participação do Brasil na COP-15 da Biodiversidade, que acontece ainda este ano no Canadá, na cidade de Montreal. A agenda “vai discutir ações importantes para a biodiversidade, possivelmente saindo o Marco Global da Biodiversidade nesta 15 edição da Conferência de Biodiversidade da ONU”.
Acreana de Cruzeiro do Sul, Julie Messias afirmou que a preservação dos recursos naturais precisa do esforço de todos. “A agenda ambiental precisa ser vista pelo viés econômico. Sem a participação de todos os setores da economia não conseguiremos manter nossas florestas em pé, e nem promover o desenvolvimento social e econômico dos nossos povos. A agenda ambiental e climática precisa ser fundamentada em uma transição justa”.
Experiente na área ambiental e gestão pública, ela conta que esta é a segunda Conferência do Clima que ela participa oficialmente. “Essa COP-27 é a segunda que participo oficialmente na delegação brasileira, acompanhando as negociações e a participação do Brasil no ambiente de exposição das políticas e iniciativas dos diferentes setores do país. Mas já participo da conferência há anos, em diferentes posições”.