O descontentamento com o secretário de Produção e Agronegócio do Acre, Paulo Wadt é visível entre os produtores rurais. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (FAEAC), Assuero Veronez, confirmou que há, sim, resistência por parte de agricultores como o modelo de gestão implantado por Wadt de querer rondonizar o Acre. Veronez pontua que, além disso, o secretário de Gladson Cameli se mantém distante da Federação.
“Incialmente eu quero deixar claro que nós não fomos consultados sobre a indicação do senhor Paulo Wadt para a Secretaria da Agricultura. Eu acho também prematura avaliar seu desempenho. Mas, sem dúvidas já existe focos de resistência e de críticas a sua atuação, especialmente entre alguns produtores. Nós não tivemos aproximação com ele a ponto de emitir uma opinião balizada. Não houve muita disposição para ouvir a Federação. Raras foram as oportunidades disso”, disse demonstrando visível descontentamento com a condução da pasta gerida por Wadt.
Quanto ao processo de rondonização, Assuero Veronez ressalta que é necessário levar em consideração particularidades do Acre. Para ele, os produtores rurais do Acre, no que diz respeito a agricultura mecanizada e de larga escala, estão em processo de adaptação.
“Mas, a discordância com algumas de suas ideias são evidentes. O Acre está iniciando sua produção de grãos. Estamos muito longe do nível de Rondônia, portanto, o que serve pra lá, nem sempre serve pra cá. Os produtores do Acre estão investindo nessa atividade como pioneiros, portanto correm muito mais riscos”, destaca Veronez.
O presidente de uma das maiores federações do Acre e mais efetiva na vida política do Estado, a FAEAC, acrescenta que o governo do Estado não pode privatizar todos os empreendimentos, o que traria sérios prejuízos aos agricultores como a privatização dos silos graneleiros. Assuero Veronez acredita que os produtores do Acre ainda não têm estrutura para concorrerem processos licitatórios e saírem vencedores. Ele teme que estes espaços de armazenamento de grãos fiquem nas mãos da iniciativa privada (grandes empresas) penalizando o produtor com preços estratosféricos para garantir a armazenagem e secagem dos produtos.
“Alguma ajuda do governo entendo que seja necessária para alavancar esse processo. Achar que os produtores já podem caminhar sozinhos é um erro no caso da agricultura, diferentemente da pecuária. Por exemplo, a questão dos silos e armazéns que o secretário quer privatizar, os produtores ainda não têm a capacidade para participarem de uma concorrência dessas e certamente esses silos do governo serão arrematados por grandes empresas para depois prestar serviço para os produtores. Penso que não é ainda o momento de fazer isso. Precisamos dos silos governamentais que é bom que se esclareça estão sob gestão da iniciativa privada sem nenhum custo para o governo”, alfinetou.
Assuero Veronez diz, também, que há uma divergência entre com relação a ampliação da área a ser explorada no Acre. Enquanto Rondônia tem uma área aberta de 40%, o Acre tem somente 13%. O ideal, segundo Veronez, é que esse espaço fique entre 20% a 25%. Na visão dele, só assim, o Acre poderá atrair investidores.
“Portanto precisamos ampliar um pouco, talvez 20% a 25% para criar escala e atrair investimentos. Sem isso, nós não teremos um processo de investimento gradativo e forte para alavancar o agronegócio na proporção em que o governo espera e deseja”, frisa.
Por fim, Assuero Veronez acrescenta que as críticas feitas a Paulo Wadt refletem um governo que não decolou na área agrícola. “Toda essa crítica que está havendo agora é em função de ideias e de um início de governo um tanto complicado na área da Secretaria de Agricultura e, mas infelizmente nós não temos nenhuma ingerência sobre isso. Isso está na mão dos políticos e, portanto, eles quem deve resolver essa questão, se o secretário fica ou se o secretário sai”, finaliza.