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POLÍTICA

Alan Rick: “O DEM não irá se humilhar para ter cargos no Governo Gladson”

O deputado federal Alan Rick (DEM) passou o último final de semana no Juruá. Esteve com o prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro (PP), entregando equipamentos agrícolas ao produtores rurais e visitando as ruas da cidade. Elogiou a nova tecnologia da prefeitura para realizar os tapa-buracos e recapeamento de avenidas e vias públicas. Entregou kits aos desabrigados das enchentes e anunciou mais de R$ 1,5 milhão em emendas parlamentares suas para o município. Ao final da visita Alan conversou com o jornalista Nelson Liano Jr. sobre os principais temas políticos do momento. Sobretudo, o relacionamento do seu partido com o governador Gladson Cameli (PP) e o presidente Bolsonaro (PSL). Acompanhe a entrevista:

Nelson Liano Jr: Deputado Federal Alan Rick, tiveram especulações, na imprensa do Acre, que haveria um descontentamento do DEM em relação ao atual Governo do Estado. Segundo fontes, um dos dirigentes partidários, teria tomado um chá de cadeira do chefe do Gabinete Civil. Além disso, o partido se manifestou achando não ter o número de cargos compatíveis com o apoio que vem dando ao Governo, tanto na Assembleia como na Câmara Federal. O quê o senhor tem a dizer sobre isso?

Alan Rick - Nelson, essa decisão de conversar com o Governo a respeito de espaço para o partido é uma situação muito delicada. O DEM ajudou o presidente Bolsonaro com a nossa candidatura aqui no Estado e também ajudou o governador Gladson Cameli. É natural que os nossos candidatos derrotados na última campanha desejem dar a sua contribuição no processo de gestão do Estado, isso faz parte do processo político. Ora, nós sabemos que quem tem a caneta é o governador, e o nosso secretário geral, Paulo Ximenes, esteve numa reunião para tratar da situação envolvendo o secretário de Planejamento Rafael Bastos, que tem feito um brilhante trabalho e tem buscado o desenvolvimento do Estado. Agora eu quero deixar muito claro, que o Democratas (DEM), foi o partido que mais abriu mão durante todo o processo político de nomeações e o que mais ajudou na candidatura do Gladson. Tivemos muitas perdas pra isso, e obviamente que os quadros importantes dentro do partido têm se sentido fora dessa composição. Esse descontentamento é real. É natural que o nosso secretário geral leve isso ao conhecimento do governador e do chefe da Casa Civil.

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Nelson Liano Jr: O senhor tem uma relação direta com o governador Gladson Cameli, desde o Congresso Nacional. Já manifestou pra ele esse desagrado da sua base partidária?

Alan Rick: - Já manifestei. Mas não queremos colocar o DEM numa posição de um partido fisiológico que busca apenas ocupar espaço. Queremos contribuir e sermos reconhecidos como qualquer outro partido que está na base do governo. Então eu entendo que o partido tem quadros importantes que podem ser aproveitados, mas quero deixar claro que não iremos nos humilhar. Nós temos a nossa dignidade e espero que possamos conduzir isso com muita inteligência. Esse é o momento de termos maturidade e tranquilidade para tomarmos decisões certas.

Nelson Liano Jr: O DEM e o senhor se sentem contemplados com a nomeação da sua irmã, a porta-voz, jornalista Mirla Miranda? Essa não seria uma maneira de acalmar esse clima entre o Governo e o DEM?

Alan Rick: - A Mirla é minha irmã, mas não foi indicação minha, isso é uma coisa que eu gostaria de deixar muito claro. Foi uma escolha pessoal do governador. A Mirla foi lembrada para essa função de porta-voz, pelos seus próprios méritos como jornalista, como produtora, como empreendedora. Ela é uma profissional premiada, qualificada e reconhecida no Acre e fora do Estado. A Mirla tem pós-graduação, e especializações em diversas áreas de Marketing e gestão de pessoas. Ela também não é filiada ao DEM. Eu não fui consultado pelo governador e nem pedi a ele a nomeação dela. Gostei de você fazer essa pergunta para que fique muito claro que foi uma decisão e escolha pessoal do Gladson. Claro e óbvio que eu fico muito feliz pois quero ver minha irmã desempenhar um grande trabalho, e espero que ela faça, pois a função não é fácil. Estamos num momento em que o Governo precisa responder ao que veio para a sociedade, então ela terá um grande desafio.

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Nelson Liano Jr: - Esse descontentamento do DEM com o Governo poderá ocasionar um rompimento?

Alan Rick: - O DEM passou esse tempo todo na oposição ao PT. Você lembra que após o impeachment eu também rompi com o governo petista, nós sobrevivemos sem cargos e sem espaços, tanto no Governo Estadual como no Governo Federal, mostrando que temos trabalho, tanto na atividade parlamentar como no partido, no Brasil e no Acre. Então, o que mais vale para o DEM é ser tratado com o devido respeito que merecemos. Hoje o nosso partido tem três ministros no Governo Federal, o presidente da Câmara dos Deputados e o presidente do Senado. Obviamente que gostaríamos de ter um tratamento digno. Mas nesse momento não está sendo cogitado no partido o rompimento com o Governo do Gladson. Quem manda no partido não sou eu, pelo contrário, sou extremamente respeitoso com as decisões internas, discreto e comedido. Deixo que os nossos líderes do partido tomem essas decisões. Então eu entendo que é um momento delicado, mas que pode ser superado.

Nelson Liano Jr: - Vamos para o plano Federal, onde essa semana o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se tornou um personagem chave da política brasileira. Ele se desentendeu com o presidente Bolsonaro, fazendo até a Bolsa de Valores cair, e o dólar subir. Essa crise está relacionada à Reforma da Previdência. O senhor acha que o presidente da Câmara deve atuar independente ou deve compor com o presidente Bolsonaro? Como será o desdobramento dessa crise?

Alan Rick: - Eu sempre defendi que o partido compusesse a base do Governo do presidente Bolsonaro. Apoiei a candidatura do presidente aqui no Estado e fiz parte do grupo liderado pelo, agora ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, desde 2016, na Câmara dos Deputados de apoio ao Jair Bolsonaro. Eu defendo que o DEM, pela responsabilidade que temos com o país, ajude na governabilidade e na aprovação das medidas mais importantes que o Governo apresentar no Congresso. Que o País possa voltar a crescer, gerar emprego, reduzir a inflação e dar melhores condições de vida para todos os brasileiros. Porém, há um grupo dentro do partido que enxerga a falta de uma maior articulação do Governo dentro da Câmara dos Deputados. Eu não posso deixar de concordar que o Governo precisa articular melhor as reformas e ter mais diálogo com o Parlamento. Ainda mais se tratando de um homem que saiu do Parlamento, conhece a Câmara e sabe que é preciso dialogar com os deputados. Os deputados querem ajudar aos seus estados, garantir suas emendas, defender suas bandeiras. Então o presidente e os seus ministros devem abrir esse diálogo com os parlamentares. Eu, por exemplo, tenho a bandeira do Programa Mais Médicos, utilizando os médicos brasileiros formados no exterior, tenho a bandeira dos valores de defesa da vida e da família, da educação, da defesa da segurança pública, de uma agricultura forte. Então é claro que eu quero que o Governo Federal me apoie nessas bandeiras. Quero ser ouvido nos ministérios por essas causas. Se conseguirem melhorar o diálogo com os parlamentares e as suas bandeiras, obviamente, terão o nosso apoio. A população é quem cobra os parlamentares e nós precisamos dar uma resposta aos nossos eleitores, ao nosso povo. Por isso, eu acho que a articulação e o diálogo entre o Parlamento e o Governo deve melhorar muito.

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Nelson Liano Jr: O senhor que está no dia-a-dia lá na Câmara, acredita que hoje o Governo teria essa maioria para aprovar a Reforma da Previdência?

Alan Rick - Eu sinto que muitos ainda não se decidiram e não divulgaram seus votos. O painel dos principais jornais e revistas, tem mostrado que o Governo tem um número de votos insuficientes. Portanto, o Governo precisa articular melhor esses votos. Estou convencido que mesmo que o Governo não atendesse as minhas demandas ou do meu partido, nós precisamos fazer as reformas porque é imprescindível para o Brasil. Votarei a favor da Reforma da Previdência com ressalvas. Irei apresentar emendas à Reforma. Eu creio que o trabalhador rural deve ter um tratamento diferenciado. Deve ter uma aposentadoria nos moldes que é hoje. Aqueles que recebem um benefício de prestação continuada, o idoso muito pobre, ou o portador de necessidades especiais, precisam ter um atendimento melhor, uma aposentadoria diferenciada. Creio que as forças de segurança, as nossas polícias como um todo, que vivem num estresse elevado, também precisam ter uma aposentadoria diferenciada. Mas aqueles que possuem um maior privilégio, a classe política e alguns setores da sociedade, esses precisam fazer um sacrifício. Aí sim teremos uma Reforma justa, que irá atender aos anseios da população. Então eu sou a favor dessa Reforma, desde que ela seja dessa maneira. E eu entendo que o Governo pode chegar a esse consenso com o Parlamento, basta melhorar sua articulação.

Nelson Liano Jr: Para concluir, sabemos que estamos num Estado onde a maioria das pessoas dependem do contracheque público, infelizmente. Existem vários projetos de produção que o Governo anterior tentou, e agora estamos com um novo Governo que está propagando iniciativas. Mas sabemos que a base ainda é dependente do contracheque público, e obviamente, que existem os cargos federais. E o senhor tem essa proximidade ao presidente Bolsonaro. Como está essa história dos cargos federais no Acre? O senhor vai indicar?

Alan Rick: - O Governo Federal recentemente publicou os critérios para a ocupação dos cargos federais. Precisa ser funcionários de carreira, ficha limpa, reputação ilibada e ter experiência na pasta que será ocupada por ele. Nesse ponto eu acho que o Governo acertou. Tem que ter currículo para ocupar os cargos federais e a nossa bancada deverá se reunir para tratar disso, já que é um tema relevante para todos os parlamentares, deputados federais e senadores, porque cada um tem seus objetivos, tem sua área de atuação, e é natural que tenha que haver essa discussão interna dos parlamentares com o próprio Governo. Acho que o principal nisso tudo é que os cargos federais sejam ocupados por pessoas competentes acima de partidos. Que façam um trabalho pelo povo, pois quando o espaço é ocupado por um feudo político para trabalhar para um outro feudo político, está tudo errado. O trabalho tem que ser feito para a sociedade, e em favor da sociedade. Então acima de tudo, acho que o Governo do Bolsonaro não pode errar nos cargos federais para não cometer os erros dos governos passados, que aparelharam esses cargos com pessoas que só operavam para partidos políticos e o serviço não chegava a população. Nosso maior objetivo, do governo e dos parlamentares, é fazer com que esses órgãos desempenhem seu papéis e venham atender os anseios da sociedade.