Afrouxamento da fiscalização, a chamada vista grossa, pode estar por trás dos números
As queimadas no Acre podem estar ligadas a um fator decisivo: as eleições. Isso mesmo. Dados coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) podem comprovar essa tese. É que neste período há um afrouxamento da fiscalização, mesmo que velado, para não ‘desgostar’ o eleitor nas vésperas do pleito.
Dados do Inpe apontam que foram nestes anos que houve um maior número de focos de calor nos meses de setembro. Em 2002, por exemplo, foram 4.337 focos de calor. Era ano de eleições gerais em todo o País.
Mesmo com uma política rígida imposta pela então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, os focos de calor de 2002 a 2006 foram numa linha crescente, saindo dos 4.337 em 2002 e chegando ao ápice de 6.092 em 2005, maior índice para o mês de setembro dos últimos 22 anos. Houve uma ligeira queda em 2006, para 3.737 casos, mas voltou a subir logo em 2007, com 5.446 registros de focos de calor. Os anos de 2008 e 2009 houve queda considerável, não chegando a 3 mil casos, cada.
O ano de 2010, também eleitoral, as queimadas no Acre avançaram. Foram 5.030 casos de focos de incêndios. Já em 2013, um ano antes das eleições gerais no País, onde acontece a troca de presidente, governador, senadores, deputados estaduais e federais, o Acre apareceu no cenário das queimadas com 3.331 casos. Em 2014 foram 2.528 casos, número considerado alto.
Já em 2016, as eleições foram a nível dos municípios, mas sob forte influência do Poder Executivo estadual. Naquele ano, o Acre registrou 3.863 focos.
E fechando essa relação eleições e queimadas, em 2018 foram 4.379 registros de incêndios de acordo com o Inpe.
Em 2019, ainda se espera como setembro vai se comportar. O que se pode dizer que agosto deste, embora haja um registro de 2.545 casos, setembro poderá chegar com uma retraída nos números tendo em vista a pressão internacional sobre o Brasil, e o aumento da fiscalização.
É importante ressaltar, que 2019 também tem uma relação com as eleições. Embora seja pós-eleição, 2019 traz o cumprimento de campanha dos governos estadual e federal, em que prometeram uma flexibilização da legislação ambiental, com o perdão de multas e o enfraquecimento dos órgãos ambientais, o resultado não poderia ser outro.