A tentativa de interferência do presidente nacional do União Brasil na agremiação no Acre é um dos motivos de uma ala importante se rebelar e agir para destronar Luciano Bivar do comando do partido, segundo O Globo.
O jornal recorda que no Acre, Bivar e o vice-presidente do União Brasil, Antonio Rueda, chegaram a mudar a composição do diretório estadual, mas recuaram depois que o senador Alan Rick, presidente regional ameaçou sair do partido. Após um entendimento, Alan permaneceu na agremiação.
Interferência nos estados gera crise
Por conta da queda de braço no Amazonas, a maioria dos membros da executiva nacional — sete de dez integrantes — enviou aos parlamentares do partido uma nota com críticas a Bivar. Há uma escalada na insatisfação com o presidente da legenda, e uma ala do União se movimenta para que ele não seja reconduzido ao comando da sigla. Ainda não há nome de consenso que possa substituí-lo, mas ganhou força a tentativa de impedir que ele seja reeleito ao posto em maio do ano que vem.
Entre os críticos de Bivar, há a avaliação de que as intervenções dele nos estados ocorrem justamente para lhe garantir maioria na legenda e impedir que outro nome o substitua.
O documento enviado aos parlamentares foi assinado por ACM Neto, José Agripino Maia (ex-senador), Ronaldo Caiado (governador de Goiás), Professora Dorinha Seabra (senadora por Tocantins), Mendonça Filho (deputado federal por Pernambuco), Davi Alcolumbre (senador pelo Amapá e ex-presidente do Senado) e Bruno Reis, prefeito de Salvador.
ACM Neto afirmou que será necessária uma mudança na legenda, abrindo mais espaço para que deputados e senadores tenham maior peso nas decisões:
— O presidente Bivar, infelizmente, tomou uma decisão individual que caberia à executiva nacional, o que mostra a necessidade de uma repactuação interna no partido, inclusive, para que deputados e senadores tenham maior peso nas decisões.
Bivar foi procurado, mas não retornou até o fechamento da reportagem.
Pelo estatuto do partido, a eleição realizada fora de época, como no caso do Amazonas, precisa do aval da executiva nacional. Integrantes da cúpula do partido conseguiram derrubar a convocação de Bivar na Justiça. Ele recorreu e perdeu na segunda instância. Rivais do cacique dizem que ele rompeu com um acordo para que o governador do Amazonas, Wilson Lima, ficasse à frente da comissão provisória no estado e o ex-deputado Pauderney Avelino da direção de Manaus. Essa comissão tem a tarefa de organizar o partido para a realização da eleição.
ACM Neto conclui que escolhas políticas não podem ser tomadas individualmente. O receio dele é que a decisão de Bivar abra precedentes interfira nos estados em quaisquer situações.
Caiado se queixou que o presidente da legenda não obedece às regras do próprio partido:
— Nós tratamos de corrigir uma decisão do Bivar, que não tinha respaldo no estatuto do partido.
Resultado da fusão do Democratas (DEM), do qual ACM Neto foi presidente, e PSL, partido liderado por Bivar, o União Brasil surgiu em 6 outubro de 2021 com status de maior partido do Brasil e fundo de R$ 800 milhões. Mas com interesses tão diversos, não são incomuns as rusgas entre seus integrantes. Como mostrou O GLOBO, um grupo de deputados do Rio de Janeiro, incluindo a ex-ministra do Turismo Daniela Carneiro, foi à Justiça pedir desfiliação por avaliar que o presidente nacional do partido negociava cargos e tomava decisões no estado sem os consultar.
Também houve rixas no Maranhão, onde Bivar agiu para que o deputado Pedro Lucas Fernandes tenha influência sobre a legenda, o que no início contrariou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Após meses de…