“Até agora não sei o motivo”, disse o governador Gladson Cameli ao se referir à Operação Ptolomeu, deflagrada pela Polícia Federal, da qual ele e membros de seu governo foram alvos nesta quinta-feira (16). A declaração de Cameli foi dada durante discurso na solenidade de formatura de conclusão do 1º Curso de Formação de Oficiais Combatentes do Corpo de Bombeiros do Acre, na Maison Borges, no início da noite.
“Até agora não sei o motivo. Não estou chateado. E eu não quero poder pelo poder. Quero ser governador se Deus e o povo quiserem. Acordei foi com mais gás. Fui cumprir agenda em Tarauacá e estou aqui”, completou.
O governador disse que pela manhã, recebeu a ligação de seu filho, Guilherme, que perguntou: “Papai, o que foi isso?’ Eu disse: ‘relaxa’”.
Sobre integrantes de sua equipe, em especial o coronel Amarildo Camargo, chefe do Gabinete Militar, um dos quatro afastados no âmbito da operação por determinação do STJ, Gladson afirmou que confia irrestritamente no oficial. "Confio, defendo e coloco a mão e o corpo no fogo", completou.
Cameli também se comparou a “massa de bolo" que cresce à medida que “apanha” e disse a sua equipe que o momento é apenas uma “crisipa”.
A operação
A investigação, que tramita no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), identificou um grupo criminoso, controlado por empresários e agentes políticos ligados ao Poder Executivo estadual acreano, que atuavam no desvio de recursos públicos, bem como na realização de atos de ocultação da origem e destino dos valores subtraídos.
150 policiais federais, com auxílio de 10 auditores da CGU, cumpriram 41 mandados de busca e apreensão e 1 mandado de prisão nas cidades de Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Manaus/AM e Brasília/DF. Além disso, o Superior Tribunal de Justiça decretou inúmeras medidas cautelares diversas da prisão, dentre as quais: o afastamento da função pública, a proibição de acesso a órgãos públicos e o impedimento de contato entre os investigados.
Somando-se a isso, o STJ determinou o bloqueio de aproximadamente R$ 7 milhões nas contas dos investigados, além do sequestro de veículos de luxo adquiridos com o proveito dos crimes.
A apuração, fruto de Inquérito Policial instaurado e instruído no âmbito da Polícia Federal do Estado do Acre, reuniu vasto conjunto de elementos probatórios que demonstram o aparelhamento da estrutura estatal com a finalidade de promover diversos crimes contra a administração pública.