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POLÍTICA

Ausência na enchente, excesso de viagens, porrada em garis, desorganização na vacinação e desarticulação são as marcas dos 100 dias de Bocalom na prefeitura

Ausência na enchente, excesso de viagens, porrada em garis, desorganização na vacinação e desarticulação são as marcas dos 100 dias de Bocalom na prefeitura

100 dias botando pra moer

Nem mesmo o mais ferrenho opositor ou pessimista cético antipolítico imaginaria que 100 dias seria o suficiente para nocautear a popularidade de Tião Bocalom, eleito com inquestionáveis 104.746 votos (62,93%) em novembro do ano passado.

A queda vertiginosa na aceitação de Bocalom e a falta de confiança da população na atual gestão são o resultado de erros inimagináveis, promessas mirabolantes; ausência de senso, coordenação e articulação política em nome de supostas boas intenções de almas supostamente puras; péssima comunicação, inexperiência e arrogância, coisas de neófitos no poder. Em síntese, repetindo os cabos eleitorais do velho Boca, o bambu está gemendo.

titanic

Quando assumiu a prefeitura em janeiro, Tião Bocalom começou a enfrentar de cara a primeira onda de críticas ao anunciar o retorno das aulas em plena pandemia de covid-19 em um momento de aumento acelerado de mortes. Pressionado, o prefeito cedeu e resolveu desistir da ideia. Os estudantes continuaram em casa.

No início de fevereiro durante o repiquete dos igarapés Batista e São Francisco, que atingiu 10 bairros em Rio Branco, o prefeito enfrentou nova onda de críticas. Primeiro por ter desaparecido durante a crise dos alagamentos sem sequer emitir uma nota de esclarecimento por quase 24 horas após o início dos transbordamentos, depois por ter viajado a Brasília no momento em que diversas famílias estavam desabrigadas e desalojadas, e por tabela foi criticado quando Marfiza Galvão, sua vice, resolveu gravar vídeo no Tik Tok fazendo paródia do Titanic em meio à crise da cheia dos igarapés.

As idas e vindas de Bocalom a Brasília municiaram as redes sociais, opositores, a imprensa e até aliados contra ele.

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As críticas ao prefeito viraram uma avalanche em março quando a Tropa de Choque da Polícia Militar, a pedido dele, acabou com uma manifestação de garis no portão da Secretaria da Zeladoria da Cidade, com spray de pimenta e cassetetes. Os trabalhadores queriam que a prefeitura pagasse seus salários atrasados.

Bocalom chegou a dizer em uma entrevista na TV que os policiais militares foram acionados para manter a ordem e que se fosse preciso ele chamaria a Tropa de Choque de novo.

Semanas depois, uma ação de fiscais da prefeitura e PMs contra ambulantes no comércio central aumentaria o desgaste do prefeito.

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DRIVE

No combo das insatisfações está a campanha de vacinação anticovid. Filas, desorganização, falta de informação, lentidão, tumulto, tudo isso passou a ser um péssimo aliado da imunização na Capital.

A principal obra de Bocalom nos 100 primeiros dias de gestão foi um serviço de drenagem na avenida Ceará. A Emurb abriu uma cratera na via, sinalizou ao redor, mas não foi o suficiente para evitar que um motorista caísse com carro e tudo no buraco.

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Acertos

Entre um erro e outro, alguns acertos. O prefeito Tião Bocalom aderiu a três consórcios para a compra de vacinas anticovid e se antecipou ao assinar uma carta de intenção com a farmacêutica Janssen, empresa do grupo Johnson & Johnson, para aquisição de 100 mil imunizantes.

A prorrogação do prazo para quitação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pela prefeitura de Rio Branco até o dia 30 de abril foi outra ação importante de Bocalom sobretudo por conta da atual crise.

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Vereadores veem ajuda financeira às empresas sob disfarce de doação aos pobres

Vereadores de Rio Branco desconfiam que o prefeito Tião Bocalom esteja usando o projeto que prevê a criação do Programa de Auxílio Transporte Emergencial Temporário Municipal para injetar
R$ 1, 344 milhão nas empresas de ônibus da capital. Esse foi o último importante ato do prefeito na semana dos 100 dias.

Seria uma subvenção disfarçada em ação de bondade a favor dos pobres, acreditam os parlamentares. O projeto encaminhado pela prefeitura à Câmara Municipal sugere a compra milionária de vales-transporte para beneficiários do Bolsa Família em Rio Branco. A prefeitura pretende doar quatro passagens por mês durante 120 dias a essas famílias. São 12 vales-transporte nos três meses. A tendência, porém, é que o projeto seja vetado.

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Desarticulação política

Sem defesa, sem articulação política, sem líder, sem base definida, com pouca conexão com a Câmara de Rio Branco, o prefeito Tião Bocalom, seus secretários e diretores têm sido criticados sem qualquer defesa por quase todos os vereadores. Quem não ataca, o que é raríssimo, também não defende. No episódio da Zeladoria, a Casa foi unânime na crítica ao prefeito e aos diretores do órgão.

Nem mesmo os parlamentares do Progressistas, o partido do prefeito, poupam a prefeitura.

Convencido da necessidade de um elo político com a Câmara Municipal, o prefeito designou o ex-deputado Helder Paiva como assessor para assuntos do legislativo, cargo que foi ocupado por Tiago Higino na gestão Socorro Neri e Auriney Melo quando Marcus Alexandre era prefeito.