..::data e hora::.. 00:00:00
gif banner de site 2565x200px

POLÍTICA

Bolívia fecha a fronteira com o Brasil por sete dias para conter variante brasileira do coronavírus

Bolívia fecha a fronteira com o Brasil por sete dias para conter variante brasileira do coronavírus

A medida foi anunciada pelo presidente Luís Arce e entra em vigor na sexta-feira (2); governo suspeita que a variante P1 chegou ao país por meio de bolivianos contaminados em um casamento no território brasileiro

O presidente da Bolívia, Luís Arce, decidiu fechar toda a fronteira com o Brasil pelo período de sete dias a partir da zero hora de sexta-feira (2) numa tentativa de evitar que a variante brasileira do coronavírus, a P1, passe a circular no país vizinho.

O anúncio foi feito pelo Twitter do presidente e confirmado pelo ministro da Saúde, Jeyzon Auza, em uma coletiva de imprensa. Também será preciso fazer um isolamento de 10 dias após ingresso no país. Brasil e Bolívia compartilham uma fronteira de quase 3.400 km e caberá ao Exército boliviano fazer a fiscalização.

“No marco das medidas para proteger a população, instruímos o fechamento temporário das fronteiras com o Brasil, por sete dias. Os Ministérios da Saúde, do Governo da Bolívia e das Relações Exteriores providenciarão o fechamento temporário de outros pontos, com base na situação epidemiológica”, disse o presidente, pelas redes sociais.

A medida se junta à decisão do governo de vacinar em massa a população maior de 18 anos residente em quatro regiões da fronteira. Os moradores de Puerto Suárez, Puerto Quijarro, Carmen Rivero Torrez e San Matías serão vacinados – nesses locais houve aumento de casos de Covid-19.

A vacinação para essa população começou na segunda-feira (29) e, segundo Carlos Hurtado, gerente da unidade epidemiológica do Serviço Departamental de Saúde (Sede), esse atendimento é uma medida emergencial para prevenir o possível contágio dos bolivianos pela variante P1, a cepa brasileira considerada mais contagiosa e mais letal.

Segundo o site do Ministério da Saúde boliviano, foram enviadas 3.500 doses para Puerto Quijarro; 4.589 a Puerto Suárez; 1.528 a Carmen Rivero Tórrez e 3.000 a San Matías. O governo também reforçou o controle epidemiológico na fronteira, aumentou a testagem e encaminhou milhares de máscaras e medicamentos para atendimento dessa população.

A suspeita da chegada da variante P1 à Bolívia surgiu porque alguns bolivianos se contaminaram depois de participarem de um casamento em Corumbá (MS), mas o Ministério da Saúde ainda aguarda os resultados de testes laboratoriais para confirmar se esses casos recentes estão realmente associados à P1.

Segundo o jornal El Deber, a vacinação nesses locais acontecerá por faixa etária e será feita a todos ao mesmo tempo, com ampliação dos postos de saúde fixos para que não haja superlotação. O governo estima que precisa de 30 dias para imunizar toda a população da região.

Nesta terça-feira (30), o presidente Luis Arce afirmou que iria acelerar a vacinação nessa população. “Instruímos o Ministério da Saúde a proceder com a vacinação de todas as populações fronteiriças do país, a começar por essas, que são as mais expostas e que são vizinhas ao Brasil”, disse o presidente, segundo a imprensa boliviana.

Yania Masai Pedraza, de 32 anos, trabalha como caixa de banco e recebeu a primeira dose da vacina chinesa da Sinopharm terça-feira (30) – a segunda aplicação está programada para o dia 20 de abril. Ela mora em Santa Cruz, município de Puerto Quijarro, que faz fronteira com Corumbá (MS), e comemorou o fato de já ter sido vacinada.

“Achei a decisão do governo muito boa pois as pessoas com mais de 18 anos têm mais riscos de contrair o vírus, pois estão mais expostas porque saem para trabalhar na área de fronteira”, disse Yania.

FRONTAFECHA

FECHAMENTO DE FRONTEIRA
O eletricista industrial Angel Carlos Amacoine Suruby, de 39 anos, também conseguiu se vacinar. Ele recebeu a primeira dose da vacina Sinopharm na terça-feira (30) e a próxima está programada para daqui 20 dias. Suruby elogiou a decisão do governo.

“Eu achei uma boa iniciativa, pois corremos mais riscos de sermos infectados [por sermos moradores da fronteira]. Se não fosse assim, não sei quando eu receberia a vacina, pois ainda não há vacinas para toda a população”, afirmou Suruby.

Nesta quarta-feira (31), a cidade de San Ignácio de Velascos, que faz fronteira com municípios de Mato Grosso, determinou o fechamento da fronteira com o Brasil por 15 dias para tentar evitar que a nova variante brasileira passe a circular pela região. O Exército e a polícia boliviana ficarão responsáveis pela fiscalização da área e o serviço de transporte de passageiros entre os dois países será interrompido.

A vacinação na Bolívia começou em fevereiro e está sendo feita em profissionais de saúde que atuam na linha de frente no combate ao vírus e na população que tenha comorbidades. São usadas as vacinas da Rússia (Sputnik V), da China (Sinopharm) e a britânica (AstraZeneca) por meio do consórcio Covax. Ao todo, segundo o Ministério da Saúde, já foram aplicadas 289.351 doses (considerando a primeira e segunda aplicação). A Bolívia possui 11,5 milhões de habitantes e registrou até hoje 271.419 infecções e 12.339 mortes.