O padre Jairo Coelho, da Diocese de Rio Branco, lembrou em carta envida ao presidente Jair Bolsonaro, que o chefe do Executivo federal possui um hospital exclusivamente para o atendimento imediato dele. Destacou que talvez o presidente da república nunca tenha sentido a dor de perder alguém que ama.
A carta, endereçada a Jair Bolsonaro, foi redigida após o pronunciamento do governante na noite desta terça-feira, dia 25, em rede nacional de rádio e televisão, onde pediu a reabertura de escolas, comércio e a volta da “normalidade” no país em meio ao surto da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
“Presidente, o senhor não sabe porque as escolas estão fechadas? É muito simples. Porque as crianças também podem contrair o vírus, alastrando-se ainda mais rapidamente. E as crianças têm pais, têm avós e algumas até bisavós e tataravós. O senhor não sabia disso?”, indagou o sacerdote católico.
Ainda segundo o padre acreano, Bolsonaro parece não ter sentido, em vida, a sensação de perder alguém que ama, e talvez por isso tenha falado tantas palavras alheias à realidade que tem assolado o Brasil, com mortes e quadro crítico na saúde de centenas de brasileiros acometidos com a doença.
“Presidente, quando uma pessoa morre, para o senhor talvez não signifique nada, ou apenas um número. Mas, para a família que perde o seu ente querido, por um instante tudo perde o sentido. Não há como mensurar tamanha dor. Ou o senhor nunca teve essa sensação? Parece que não!”, completa.
Ainda segundo Jairo Coelho, durante a divulgação do discurso, não teve como esquecer dos “milhões de idosos que se sentiram descartados”, e ainda nas pessoas que integram o “grupo de risco, que estarão condenadas a ficarem para sempre dentro de casa. Pensava que o senhor estava falando sem pensar”, disse o padre.
E finalizou: “nem todos têm a saúde de ferro que o senhor tem. Também não tem um hospital exclusivo como o senhor tem. A grande maioria do nosso povo, depende do Sistema Único de Saúde “, pontou o padre.