O caso da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que sacou uma arma e apontou para um homem na tarde deste sábado, será encaminhado à Polícia Federal e ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Ainda no sábado, o policial militar de 46 anos que estava com a deputada foi preso em flagrante por disparo de arma de fogo no Jardim Paulista, área nobre de São Paulo.
Ele, a deputada e o jornalista Luan Araujo, que foi perseguido pela deputada, foram conduzidos ao 78° DP (Jardins) e prestaram depoimento. O caso foi registrado como disparo de arma de fogo, injúria, ameaça e lesão corporal. A arma do policial foi apreendida para perícia e o indiciado foi liberado após pagamento de fiança.
Entenda o caso
Na tarde deste sábado, a deputada federal reeleita Carla Zambelli, apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL), sacou uma arma e apontou para o jornalista Luan Araujo no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo. Ela afirmou ter sido hostilizada por "militantes de Lula", mas as circunstâncias do conflito ainda não são claras.
Nos registros do ocorrido que circulam nas redes sociais é possível ver a discussão entre Zambelli e o jornalista na Alameda Lorena. O local fica a um quilômetro da Avenida Paulista, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizava um ato de campanha.
Em depoimento ao GLOBO, Araujo disse que saía de um chá de bebê quando ouviu a deputada dizer "amanhã é Tarcísio", em referência à possível eleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato bolsonarista ao governo de São Paulo. O jornalista contou que, nesse momento, xingou Zambelli e defendeu o voto em Lula.
Logo depois, as pessoas que estavam ao lado da deputada, segundo ele, começaram a filmá-lo. Nesse momento, um vídeo registra o momento em que Zambelli se desequilibra e cai. Ela levanta rapidamente e, acompanhada dos seus apoiadores, corre atrás de Araujo. Um deles aparece com uma arma e, logo depois, há o som do disparo, mas não há registro do momento do tiro.
O apoiador de Lula segue pela Alameda Lorena até entrar em um bar na mesma via. Na sequência, a deputada chega no local com uma arma na mão. De acordo com testemunhas que estavam no local, Zambelli entrou no estabelecimento com a arma apontada para o rapaz e dizendo "só vou te liberar se pedir desculpa", além de repetir "deita no chão".
— Quando eu entrei no bar, eles quiseram me botar no chão como se fossem polícia, mas eles não são polícia, então eu obviamente não fui para o chão. Eles queriam que eu pedisse desculpa, aí eu pedi desculpa — disse Araújo.
Em determinado momento, o jornalista levantou as mãos para o alto, pediu desculpa e deixou o local. Zambelli teria então dito que só "não o prenderia porque hoje não é permitido", em alusão à lei eleitoral em vigência. Nas redes sociais, a deputada disse que pediu para Araujo esperar ela chamar a polícia e "dar flagrante", mas, como ele "evadiu", ela correu atrás dele com a arma.
— Me empurraram, até me machucaram aqui, me empurraram no chão, me chamaram de filha da p*, de prostituta, mandaram eu tomar no *. Ele me cuspiu várias vezes. Quando ele me empurrou, eu caí, saí correndo atrás dele, falei que ia chamar a polícia — afirmou a deputada. No entanto, vídeos que registraram o momento desmentem versão contada pela deputada, que caiu sozinha.