Por mais que o governo Gladson Cameli (Progressistas) tenha atuado de forma direta para soterrar a proposta de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Energia, que visa investigar os métodos usados pela Energisa para cobrar a tarifa dos consumidores acreanos, seu processo de instalação pela Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) começará já na próxima terça-feira, 16.
Após chegar a contar com 16 assinaturas dos deputados, a CPI agora tem 11 – número mais do que suficiente para ser criada. Na quinta-feira passada, o deputado Cadmiel Bonfim (PSDB), em vídeo gravado pela assessoria, afirmou que retirou seu nome “a pedido do governador”, mas que depois de analisar a situação e “por temor a Deus”, voltou atrás e agora apoia a CPI.
Ainda não se tem os nomes definidos de quem ocupará a presidência e a relatoria da CPI, os dois mais importantes cargos. Ao todo, a comissão será composta por sete deputados, respeitando a proporcionalidade dos partidos e das bancadas. As legendas que terão direito a indicar nomes são o Progressistas, o MDB, o PSDB, o PT, o PCdoB e o PDT, além do bloco Bubac formado por PSL, Solidariedade e PHS.
A proposta de criação da CPI da Energia é de Jenilson Leite (PCdoB), que desde o ano passado tem se manifestado de forma crítica ao processo de venda da Eletrobras Acre, e ao aumento da conta de luz adotado pela Energisa meses após comprar a então estatal.
Para ser instalada, a CPI teria que contar com oito assinaturas. Após a operação abafa realizada pelo Palácio Rio Branco, ela ficou desidratada e caiu de 16 para sete. Com o recuo de Bonfim, ela voltou a ter oito apoios. Outros deputados governistas que não tinham assinado decidiram encarar o governo, como Neném Almeida (SD), e deram ainda mais fôlego à CPI.
O elevado apoio popular à CPI – ante a insatisfação com os preços da conta de energia - é visto como principal instrumento de pressão para que até mesmo os governistas não sigam a orientação de transformar a CPI numa pizza antes mesmo de seu nascimento. Os deputados sabem que as consequências diante dos eleitores podem ser devastadoras.
Na sessão de terça será feita a leitura da mensagem de instalação da CPI. Após este rito regimental, a presidência da Mesa Diretora a encaminha para publicação no Diário Oficial do Legislativo. Concluída esta etapa, os partidos indicam os nomes dos deputados a compor a comissão, ocorrendo, logo em seguida, a eleição para a escolha do presidente e do relator.