Católico praticante, membro do Encontro de Casais com Cristo – ECC, quem diria que exatamente ele, Tião Bocalom, preferisse novamente ser o eterno candidato e dessa vez, com a benção do grupo evangélico comandado pelo Pastor Reginaldo, do Progressistas. Nem mesmo o cargo de diretor da Emater, dado pelo atual governador Gladson Cameli – onde tinha chances de desenvolver o projeto dos sonhos – produzir para empregar, foi capaz de frear a predileção dele: os holofotes. Formando em Matematica, Bocalom apareceu mais tempo na telinha do horário político do que mesmo em uma sala de aula. É do estilo “vai na tora”.
Da sua primeira eleição como vereador em Nova Olímpia, no Paraná, onde nasceu, até este ano, são exatos 40 anos. Eleito duas vezes e reeleito uma vez como prefeito de Acrelândia, a partir de 2006 começa a ambição de chegar ou ao Palácio Rio Branco ou à prefeitura da capital.
Bocalom participou de todos os processos eleitorais desde 2006, tendo como melhor resultado a eleição de 2010, contra o ex-governador do Acre Tião Viana, protagonizando, sem muitos recursos, a disputa mais acirrada de todo o país, perdendo por menos de 5 mil votos.
Durante essa perseguição de poder, Bocalom acreditou piamente que só ele estava certo. Dizia sem pedir segredo que se elegeria deputado federal com coeficiente em 2018 quando, comprou briga velada com o atual governador e que teria sozinho, mais de 45 mil votos. Apoiador de Bolsonaro, e distante do palanque do atual governo, sua votação foi de 21.872 votos. É suplente de deputado federal.
Aos 67 anos, quando todos pensavam que finalmente, Bocalom iria tocar um projeto voltado para a produção agrícola – conseguiu se realinhar com Gladson Cameli e foi nomeado Diretor da Emater Acre – o velho candidato não resistiu ao convite feito pelo pastor Reginaldo, presidente da executiva municipal dos Progressistas.
O Pacificador
Nomeado inicialmente para a secretaria de estado de comunicação, pastor Reginaldo chegou a participar de alguns eventos e até dando palestras sobre grupo. Depois Reginaldo sumiu do mapa, reaparecendo novamente ao lado da senadora Mailza Gomes e, chegando a assumir a executiva municipal do partido liderado por ela, o Progressistas.
A missão dada ao pastor era de pacificação dos clãs formados dentro do partido. Um deles, do deputado estadual José Bestene, que nunca aceitou na prática, ficar fora do comando partidário.
Outras duas vertentes fortes se formaram dentro do partido: uma liderada pelo então engenheiro e secretário de infraestrutura, Thiago Caetano e, a segunda, pelo ex-superintendente do MAPA no Acre, Luziel Carvalho. Ambos disputavam a vaga de pré-candidato a prefeito com o aval do Palácio Rio Branco.
De fala mansa, estilo conciliador, o pastor Reginaldo tratou de ir eliminando os potenciais adversários. O primeiro deles, um irmão de fé, Thiago Caetano. Depois o assistente social Luziel Carvalho. Era o sinal verde para que Bocalom vinhesse para o partido, na reta final para o prazo de filiações partidárias. No intrigado tabuleiro de xadrez do partido, Bocalom assinou ficha de filiação no mesmo dia do ex-deputado Ney Amorim e do ex-deputado Moisés Diniz.
Ney Amorim que chegou a ter seu nome cogitado entre os pré-candidatos com apoio do governador Gladson Cameli foi o último a ser tirado do caminho. Bestene também teria retirado o seu nome do tabuleiro.
A esperado apoio do Palácio Rio Branco não veio e Socorro Neri passou a ser a pedra no caminho
Bem, nem deu tempo de comemorar. Pastor Reginaldo e companhia, entre eles, um velho aliado de Bocalom, Frank Lima, depois de vencerem todos os obstáculos dentro do partido, já estão de frente com um problema inesperado: a prefeita de Rio Branco Socorro Neri.
Foi o nome anunciado oficialmente pelo governador Gladson Cameli como predileto à reeleição, numa dobradinha com Marfisa Galvão que teria a chancela do senador Sérgio Petecão (PSD-AC).
A dobradinha caiu como uma bomba para os articuladores. Pressionado, o pastor pacificador chegou a anunciar para a última quarta-feira (20) o pré-lançamento pelo Progressistas com o velho Bocalom, fato que, rapidamente foi cancelado com a desculpa da pandemia que atinge a capital.
As declarações do governador parecem ter sido pesadas contra a unção dada pelo Pastor Reginaldo ao grupo de Bocalom. E para tornar ainda mais misteriosa toda essa trama, nem mesmo a senadora Mailza Gomes (Progressisstas-AC) – que se manifestou até na morte do ativista Lhé, do PT – deu uma única nota sobre o fato.
Fazia parte da unção dada a Tião Bocalom o apoio do Palácio Rio Branco? Ou os velhos articuladores e o experiente pastor esqueceram de combinar essa parte com o governador Gladson Cameli?
Blindado e parecendo não acreditar no que se passa fora do ninho progressistas, Bocalom não veio à público ainda explicar se encara o desafio apenas com a benção do Pastor Reginaldo. A novela mexicana do Progressista segue com cenas do próximo capitulo...