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POLÍTICA

Com 'toma lá, dá cá'  Gladson ganha força na Aleac e fidelidade dos deputados 

Com 'toma lá, dá cá'  Gladson ganha força na Aleac e fidelidade dos deputados 

A tão criticada prática do “toma lá, dá cá” feita pela antiga oposição -sendo o atual grupo no Palácio Rio Branco - quando quem estava no poder eram os petistas, foi a “fórmula mágica” encontrada para superar a deficiência do governo Gladson Cameli (PP) em sua relação com a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). 

Se até o início desta semana a base de sustentação do governador no Parlamento mais parecia uma areia movediça, o cenário mudou com a aprovação da reforma da reforma administrativa aprovada por 15 votos a 8 na última terça, 21. 

Os governistas estiveram dispostos a assumir o desgaste de aprovar uma medida que provoca um inchaço da máquina num momento de grave crise financeira, com o chefe do Executivo sinalizando até decretar “estado de calamidade nas contas públicas”. 

Durante os extensos debates sobre a “reforma da reforma”, muita confusão em torno de quantos cargos, de fato, foram criados: de 350 a 450, chegando a quase 600, muitos foram os números proferidos da tribuna do plenário. 

A eles se somam os 900 de livre nomeação do governador que já estavam à disposição. Eles vinham sendo disputados a tapas por um grupo sedento por poder, após ficar 20 anos “comendo o pão que o diabo amassou” nos governos do PT. 

Como a fome era grande e o prato não atendia todo mundo, era preciso ampliar a oferta caso o governo não quisesse ver sua base dando mais trabalho do que a oposição. A única forma de evitar a repetição de constrangimentos como a derrota na indicação de nomes para as agências estatais, seria recorrer ao conhecido toma lá, dá cá. 

Aprovada a reforma, agora é a hora de abrir as portas do Palácio Rio Branco - que está em reforma para receber Gladson Cameli (quando ele pelo Acre estiver) - para montar o “balcão de negócios”. Saciada a fome dos deputados governistas, Gladson poderá ter a segurança de não encontrar nenhum problema ao chegar ao estado após suas intensas viagens Brasil e mundo afora. 

É certo que com mais cargos para distribuir, o governo ganha força na sua relação com o Parlamento, podendo aprovar, sem ressalvas, projetos que sejam de sua autoria e que, em alguma medida, possam causar desgastes a si próprio e aos aliados no plenário - mas nada que a acomodação de afilhados não possa resolver. 

Os progressistas e tucanos recorreram àquilo que tanto repudiavam dos governos petistas. Agora no poder, estão entendendo que governabilidade não se conquista só pelo sorrisão de Gladson Cameli ou pelos olhos verdes de Wherles Rocha. 

Recorrer ao trem da alegria, como se vê, não é só uma estratégia de aparelhamento da máquina, mas também a garantia de sobrevivência diante de um Parlamento tão cheio de interesses.