A novela do escândalos de mau uso de recursos públicos, tráfico de influência, enriquecimento ilícito e assédio moral por parte de servidores na Associação dos Municípios do Acre (AMAC) que resultou em uma denúncia na Polícia Federal, Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União ganhou um novo e emocionante capítulo.
Márcio Neri, o coordenador da entidade afastado do cargo após a divulgação dos áudios e documentos que sinalizam com supostas irregularidades em sua atuação na Amac usou um artifício incomum para identificar os responsáveis pelo vazamento de documentos que fazem parte de um dossiê montado por servidores descontentes.
Em uma atitude que pode ser classificada como caça às bruxas na Amac, Márcio Neri falsificou um recibo de diárias em papel timbrado da instituição no valor de R$ 25.900,00 para chegar aos servidores que vazaram os documentos da robusta denúncia contra ele nos órgãos de controle sobre supostas irregularidades nos últimos meses. O recibo falso tem data de recebimento do dia 5 de julho, três dias antes de a prefeita comunicar o afastamento do coordenador do cargo e mais de dois meses depois do evento no Amapá.
A falsificação do recibo de diárias foi confirmada pela presidente da Amac, a prefeita Socorro Neri. “Recebi esse "recibo" no dia 17 de julho e, como sempre faço, apurei a situação, constatando o seguinte: Trata-se de um "recibo" fake, com dados bancários inventados e feito com uma única intenção pelo próprio Márcio: identificar quem estava vazando informações e documentos da AMAC. Não houve esse pagamento. E isso é facilmente comprovado no extrato bancário da entidade. A ida do Márcio ao AMAPÁ foi sem ônus/despesa para a AMAC. Estou realizando na AMAC uma auditoria e, ao mesmo, solicitei ao TCE a instauração de procedimento que também está em curso”, disse Socorro Neri ao Notícias da Hora
A atitude do coordenador e da presidente da instituição seria uma demonstração que a maior preocupação não estaria em torno de apurar as possíveis irregularidades denunciadas na PF, MPF e TCU, mas em identificar quem seriam os servidores que se sentiram desconfortáveis com a situação e elaboraram um dossiê contra o coordenador Marcio Neri. Apesar de Socorro Neri solicitar uma auditoria do Tribunal de Contas do Acre que identificaria apenas alguma movimentação suspeita nos recursos da instituição, mas não esclareceriam as acusações de tráfico de influência, enriquecimento ilícito, prestação de serviço indevida e assédio moral que constam na denúncia apresentada aos órgãos de controle.
O Notícias da Hora teve acesso aos documentos da nova denúncia dos servidores que teve como base o recibo forjado por Márcio Neri. De acordo com a segunda denúncia, o coordenador afastado participou do dia 22 ao dia 25 de abril deste ano de um simpósio no Estado do Amapá. O 1º Simpósio Regional Para Orientações de Equipes do Governo do Estado e Municípios do Amapá.
As despesas de Márcio Neri com passagens aéreas e ajuda de custo foram pagas pelo governo amapaense, conforme Ofício 0303/2019 – CAIDL/GAB/SDC, de 9 de abril de 2019 enviado à prefeita Socorro Neri, presidente da AMAC. O documento assinado pelo secretário de Estado de Desenvolvimento das Cidades, Antônio Pinheiro Teles Júnior, foi em resposta ao Ofício 300/2019 – AMAC e confirma que o Amapá arcou com todas as despesas.
Os documentos em relação a participação de Neri no simpósio foram fundamentais para o coordenador afastado falsificar um recibo demonstrando que ele estaria recebendo pelas despesas bancadas pelo governo do Amapá. Desta forma ele poderia identificar quem estaria vazando documentos para imprensa e órgãos de controle que podem demonstrar irregularidades cometidas por ele dentro da AMAC.
A prefeita Socorro Neri comunicou o afastamento de Marcio Neri do cargo após a denúncia feita ao Ministério Público Federal, Polícia Federal e Tribunal de Contas da União (TCU) ser divulgada no Notícias da Hora. Ele é suspeito de utilizar-se do cargo para tráfico de influência, utilização da estrutura da AMAC para atender prefeituras de outros Estados, que não os municípios do Acre, além de coação a servidores da AMAC, conforme áudios divulgados em reportagem anterior.
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