Brasília — O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (15), que vai substituir o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, por “questões de produtividade” e um “sentimento” para evitar problemas.
“Todos os ministérios são passíveis de mudança. Eu vou mudar, por exemplo, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Motivo: é questão de produtividade”, afirmou o presidente.
O presidente afirmou ainda que, em relação a qualquer cargo na administração, “se tiver que mudar, a gente muda”. “O único que levou facada e ralou quatro anos para chegar aqui fui eu. Ponto final. O povo confiou em mim o destino da nação. Eu tenho que decidir.”
Durante a declaração, Bolsonaro disse que não teria, ainda, um nome para substituir Saadi. Em nota nesta tarde, a PF anunciou que quem assumirá o posto no RJ será o atual superintendente em Pernambuco, Carlos Henrique Oliveira Sousa.
O anúncio do presidente foi recebido com surpresa pela equipe do Planalto e pela PF. Segundo divulgou equipe de comunicação do órgão, a mudança já vinha sendo trabalhada, mas historicamente a definição dos superintendentes regionais é de responsabilidade apenas do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Por isso, a surpresa da fala do presidente.
“A troca da autoridade máxima do órgão no estado já estava sendo planejada há alguns meses e o motivo da providência é o desejo manifestado, pelo próprio policial, de vir trabalhar em Brasília, não guardando qualquer relação com o desempenho do atual ocupante do cargo”, diz a PF.
Atualmente, a PF é vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, chefiado por Sergio Moro. Desde janeiro, segundo o órgão, a PF já promoveu a troca de 11 superintendentes.
Em nota, o Sindicato dos Delegados de Polícia Federal no Estado de São Paulo (SINDPF-SP) manifestou repúdio sobre a exoneração do superintendente.
“A escolha de superintendentes compete ao Diretor-Geral da Polícia Federal e a fala do presidente, mais que desrespeitosa, atenta contra a autonomia da Polícia Federal”, diz o texto.
De acordo com o sindicato, a PF é uma “instituição de Estado e deve ter autonomia para se manter independente e livre de quaisquer ingerências políticas”.
Desde 2009, tramita no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional para regulamentar a autonomia da PF.
A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal defende que a medida é necessária porque sua subordinação ao Ministério da Justiça “torna a PF vulnerável a interferências políticas de governantes de ocasião e a impede de combater o crime organizado e a corrupção de forma mais efetiva”.