Em entrevista ao jornalista Itaan Arruada no programa Gazeta Entrevista desta quarta-feira 23, o deputado José Bestene (Progressista) disse, entre outros assuntos, que o governador Gladson Cameli pode ser prejudicado politicamente devido ao avanço da terceirização de serviços da área de Saúde. Presidente da Comissão de Saúde da Aleac e ex-secretário estadual de Saúde, o deputado disse que o governador Gladson Cameli precisa ouvir os servidores efetivos do setor e realizar um concurso público como forma de melhorar o atendimento à população e demonstrar seu empenho para a valorização do quadro.
De acordo com Bestene, o processo de terceirização de parte da estrutura do sistema de saúde pública do Acre já estava bem acelerado desde a criação do Pro-Saúde, criado no governo anterior e que chegou a ter mais de 2.600 servidores. Mais tarde, ainda durante o governo passado, orientado pelo Ministério Público do Trabalho, o Pró Saúde foi sendo esvaziado e entrou no mandato de Gladson Cameli com 1.127 servidores. E para que estes também não fossem demitidos, discutiu-se na Aleac com a Procuradoria Geral do Estado a criação do Igesacre (Instituto de Gestão de Saúde do Estado do Acre) com a finalidade de administrar as unidades do Alto Acre, do Juruá e o Pronto Socorro.
Conflito
Bestene disse que esta foi a alternativa achada naquele momento para não demitir todo o restante do quadro do Pró-Saúde, pois 75% dos seus servidores estavam lotados naquelas regiões e 25% nos demais municípios. “Como eram servidores com mais de 10 anos no quadro provisório, foram para as empresas terceirizadas e assim asseguramos os postos de trabalho de mais de 1 mil pessoas”, comentou ele.
Atualmente, porém, Bestene afirma que o Igesacre começou a criar um conflito muito grande dentro do sistema de saúde porque planeja avançar sobre as UPAs (Unidade de Pronto Atendimento). “Tenho ouvido muitas queixas dos servidores efetivos da UPA do Segundo Distrito e da Maternidade e já externei minha preocupação ao governador, isso está sendo muito ruim politicamente”, alertou o parlamentar.
De acordo com Bestene, uma nova audiência pública deverá ser realizada atendendo pedido dos sindicatos da saúde e do deputado Jenilson Leite para que o tema volte ao debate e que se possa chegar a um consenso entre os trabalhadores e o Governo. “O governador deverá entender que o Instituto não é adequado para a gestão e para a política, um argumento concreto e definitivo”, afirmou.
O deputado explica que a terceirização facilitou de tal modo a contratação de servidores para a Saúde que acabou prejudicando a carreira do servidor efetivo, que tem sido negligenciado pelo Governo estadual.
“Precisamos convencer o governador que a melhor alternativa para melhorar a gestão e a qualidade dos serviços é realização de concurso público e a valorização do servidor efetivo através da atualização de seu Plano de Cargos, Carreira e Remuneração, já há muito tempo defasado”, argumentou.