Apesar da frente fria que chegou ao Acre nesta terça-feira (30), o clima esquentou na Assembleia Legislativa durante o discurso do deputado Arlenilson Cunha (PL). Ele repudiou a recepção do governo brasileiro dispensada ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. O presidente do país vizinho foi recebido ontem em Brasília pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.
“O que chama a atenção foi a forma que foi recebido. Com honras de um chefe de Estado. Subiu a rampa do Planalto. Dragões da Independência... Eu não gosto de subir aqui, mas tem coisas que não dar para... e assim foi recebido com todas as honras possíveis”, disse o parlamentar liberal.
De forma irônica, Arlenilson Cunha disse que a Venezuela é “um exemplo muito grande de democracia”. “Eu queria aqui nesta Casa fazer essa exposição e falar dessa recepção calorosa e honrosa de Nicolas Maduro, que é um exemplo muito grande de democracia. No governo de Maduro não tem. Receber como chefe de estado é um atentado à democracia. Persegue opositores, censura a imprensa e assassina manifestantes”, concluiu.
O deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) saiu em defesa do governo Lula. Disse que o presidente brasileiro recebeu Maduro por uma questão estritamente diplomática, de relações que ultrapassam governos, mas sim está condicionada a relação internacional.
“Um dos elementos fundamentais da nossa Constituição e da política de relações internacionais do Brasil que foram construídas por figuras que estão presentes neste plenário, como é o caso do Barão do Rio Branco. Uma das marcas do Brasil é o respeito a chamada autodeterminação dos povos. Quando o presidente da República recebe o Maduro, ele recebe o presidente de um País”, disse o deputado comunista.
Edvaldo alfinetou Cunha ao dizer que não notou a mesma preocupação de bolsonaristas quando o então presidente Bolsonaro se reuniu com o príncipe da Arábia Saudita Mohamed Bin Salman, que mandou assassinar o jornalista Jamal Khashoggi.
“Eu nunca vi um bolsonarista raiz reclamar das idas do Bolsonaro ao príncipe da Arábia, aquela turma da gargantilha. Aquele príncipe lá mandou matar um jornalista. Executar um jornalista. Eram amigos, foram 18 vezes lá ‘nas Arábias’, visitar um ditador. Ninguém questionou essa questão”, destaca.
E completou Edvaldo: “eu questiono profundamente o regime da Venezuela. Eu questiono. Agora juntar os países, estabelecer relações comerciais com todo mundo é fundamental’.
Arlenilson Cunha encerrou dizendo que “são mais de 6 milhões fugindo da Venezuela. Eu encerro aqui dizendo que um tirado, um ditador não deve ser bem-vindo com pompas e dragões da independência”.