A Assembleia Legislativa atendeu ao pedido do Palácio Rio Branco e retirou de pauta o projeto de lei que daria R$ 420,00 aos servidores da saúde – incluindo o Pró-Saúde, da segurança pública e do Procon. A proposta de lei já estava encaminhada para a discussão do assunto.
O clima esquentou após o presidente da Casa, Nicolau Júnior, ser informado que o governo queria retirar o projeto da pauta para dividi-lo em dois, deixando, de antemão, os profissionais do Pró-Saúde fora da conta e do projeto que beneficia com mais dinheiro os trabalhadores que atuam de frente com a Covisd19.
O deputado Edvaldo Magalhães, que integra o bloco de oposição ao governo, disse que houve uma quebra de acordo na Casa. “Na hora em que ia para o Plenário, o líder do governo recebeu uma ligação pedindo que fosse retirado o Pró-Saúde da matéria. Aí não tem acordo!”, revelou o comunista.
Chateados com a situação inédita nesses 15 meses de mandato, os deputados de oposição foram duros com o presidente do Poder Legislativo, e classificaram a postura do deputado líder como prejudicial aos trabalhadores da saúde. Antonia Sales, por exemplo, culpou a equipe de Gladson Cameli.
“Como é que nós vamos justificar aos profissionais da saúde que estavam até festejando esse auxílio? Eles estão todos os dias nas cabeceiras das camas dos doentes lutando para dar vida a essas pessoas. É uma vergonha. O parlamento está virando um joguete, um brinquedo para a equipe do governo. Esses pássaros agorentos”, disse a deputada do MDB.
Daniel Zen, petista que está no segundo mandato como deputado, e já foi líder do governo de Tião Viana (2015-2018), disse não haver ilegalidade no projeto, e lembrou que em poucas oportunidades um projeto foi debatido com tanta tranquilidade entre oposição, situação e deputados independentes.
“Hoje poderia ser um dia histórico para o parlamento. Eu conto nos dedos as vezes que isso aconteceu na legislatura passada, quando eu era o líder do governo. São dias em que conseguimos uma decisão alinhada com todos”, lembrou o petista que atende ser irregular a retirada de pauta na hora da discussão.
AMADORISMO – O grande questionamento que se faz é sobre a capacidade técnica dos assessores da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. Um deputado ouvido pelo portal Notícias da Hora afirma que o “amadorismo nítido” que se percebeu neste sábado, dia 23, tem sido rotina nos debates da casa legislativa. “A Assessoria da Mesa está despreparada”, alegou.
A questão legal das propostas discutidas e aprovadas na Assembleia Legislativa há muito tempo são pauta de polêmica. Sem uma Procuradoria Jurídica própria, o Poder Legislativo precisa sempre contar com o auxílio da Procuradoria-Geral do Estado, mesma instituição que assessoria o Palácio Rio Branco, e integra a governadoria de Cameli.
“Qual o legado que Vossa Excelência quer deixar?”, perguntou o deputado Fagner Calegário, numa questão ordem, ao presidente Nicolau Júnior. O deputado, que é do mesmo partido de Gladson Cameli, também é cunhado do governador. Júnior, agora, convocou nova sessão para este domingo, dia 24, quando o assunto volta à pauta, mas em separado.