..::data e hora::.. 00:00:00
gif banner de site 2565x200px

POLÍTICA

Desembargadores do Acre divergem entre si sobre decisão do TSE que unifica horário de votação

Desembargadores do Acre divergem entre si sobre decisão do TSE que unifica horário de votação

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Acre, desembargador Francisco Djalma, encaminhou ao Presidente do TSE, Ministro Luís Roberto Barroso, ofício destacando que a proposta de unificar o horário de início e encerramento da votação das eleições, observando o horário oficial de Brasília, acarretaria uma série de transtornos, em especial, para eleitores, mesários e fiscais de partidos – que são os principais atores do processo eleitoral-, no Acre.

“Aos eleitores, naturalmente, exigirá maior atenção ao horário de início e término de votação. Aos mesários e fiscais, deslocamento antecipado para adequação ao início dos trabalhos que passará a ser na madrugada do dia da votação. Em alguns locais, será necessário, no mínimo, o deslocamento a partir das 2h da manhã”, explicou o magistrado no documento.

“Eu me posiciono em defesa dos eleitores acreanos e de todos os mesários, servidores, colaboradores, parceiros e voluntários da Justiça Eleitoral. No caso dos eleitores, precisamos garantir a eles igual oportunidade de exercício de voto, evitando que, por falta de acesso à informação sobre o novo horário de encerramento da votação no Acre, deixe de votar em razão da chegada após às 15h na seção eleitoral”, expôs o desembargador Francisco Djalma.

O Estado do Acre terá, até maio de 2022, mais de 400 seções instaladas em zona rural, envolvendo cerca de 1.600 mesários e abrangendo, aproximadamente, 120 mil eleitores.

Contrário ao pensamento do presidente do TRE acreano, o vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional Eleitoral do Acre, Desembargador Luís Camolez, encaminhou ofício ao TSE, também no dia 10 de dezembro, manifestando-se favorável a proposta de uniformizar o horário de votação em todo o Brasil.

Segundo o documento, o desembargador Camolez destaca que os locais de difícil acesso – localizados na zona rural dos municípios acreanos – são preparados com a devida antecedência, e o deslocamento dos mesários e equipamentos por vários meios de transportes. “Assim, tendo em vista a experiência bem-sucedida no pleito passado, não vislumbro qualquer prejuízo deste Tribunal antecipar o início da votação para às 6h, haja vista que todos os locais de difícil acesso e zonas rurais receberão os mesários e equipamentos, por meio de embarcações, avião, helicóptero e viaturas de tração nos dias que antecedem a eleição”, destacou o vice-presidente e Corregedor do TRE-AC no ofício.

Ainda de acordo com o ofício, o desembargador Camolez registrou que nos meses de outubro e novembro os dias no Acre “amanhecem mais cedo”, sendo comum às 5h já estar claro. “Acrescento mais, os povos indígenas e ribeirinhos possuem o costume tradicional de dormir e acordar cedo, com isso, a procura pelos locais de votação ocorre logo nas primeiras horas”, disse.

 

Como decidiu a Corte do Tribunal Superior Eleitoral

Na sessão desta terça, o Ministro Luiz Edson Fachin citou, primeiramente, o ofício do presidente do TRE-AC, desembargador Francisco Djalma, na sequência fez referência ao ofício do vice-presidente e corregedor, desembargador Luís Camolez e destacou o posicionamento de cada um deles. “Friso que o tema é sensível e que demanda uma tomada de posição por este Tribunal. A existência de posições contrapostas dentro do Tribunal Regional acreano quanto à proposta de horário, não ilumina em si a questão “, posicionou-se o Ministro do TSE.

Ao apresentar o voto-vista, Barroso destacou as manifestações do Tribunal Regional Eleitoral do Acre e reconheceu: “este Tribunal não coloca em dúvida os transtornos e as dificuldades que a diferença de fuso impõe à sociedade acreana. Porém, em nome do interesse nacional, nós estamos impondo um maior transtorno aos eleitores do Acre”, referendou Barroso.