O relatório Conflitos no Campo – Brasil 2024, da Comissão Pastoral da Terra, faz uma radiografia da violência nos campos e seringais do Acre. Das 59 ocorrências de conflitos por terra, como mostrou ontem (23) o Notícias da Hora, 6.115 famílias são atingidas. Elas estão espalhadas em uma área de 1.359.287 de hectares.
Desse número de famílias, 15 delas foram despejadas e 1.963 sofreram tentativa de despejo ou ameaça de expulsão. A violência é tanta que até as residências dos posseiros são alvos da grilagem na Amazônia acreana. Um total de 15 casas foram destruídas. A pistolagem também está presente: 64 casos registrados. No tocante à invasão, são 542 notificações.
Além da prática conhecida de violência contra posseiros, a grilagem de terras na Amazônia acreana utiliza outra arma poderosa, o uso indiscriminado de agrotóxicos para destruir roças e poluir cursos d’água. No Acre, em 2024, 40 famílias foram vítimas de intoxicação por agrotóxicos, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), sendo um caso presente em disputas por terras.
O Mato Grosso do Sul lidera com 7538 famílias contaminadas pelo uso de agrotóxicos. Na sequência aparece o Pará, com 4.597 famílias, e Maranhão, com 2.506 famílias. Pernambuco (2), Minas Gerais (20) e Goiás (33). O trio tem o menor número de famílias intoxicadas por agrotóxicos.
“Agrotóxicos são armas químicas do agronegócio contra a população camponesa, povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. (...) Ao observarmos os dados, a conclusão que chegamos é oposta: os agrotóxicos são armas químicas utilizadas dentro de um contexto maior de violência no campo, em que o objetivo principal é inviabilizar a vida no campo, nas florestas e nas águas de modo a expulsar estas populações e abrir caminho para uma exploração cada vez mais intensa dos bens naturais para geração de lucro”, afirma a CPT.