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POLÍTICA

Diplomado presidente, Lula diz receber documento 'em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro'

Diplomado presidente, Lula diz receber documento 'em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro'

Presidente eleito e vice, Geraldo Alckmin (PSB), foram diplomados pelo TSE nesta segunda e estão aptos a tomar posse no dia 1º de janeiro. Chapa teve 60,3 milhões de votos no segundo turno.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lulada Silva (PT), declarou nesta segunda-feira (12) ao ser diplomado para o futuro cargo que recebe o documento "em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro". 

Em discurso de 14 minutos, Lula se emocionou por diversas vezes e disse que o diploma não era só dele, mas "de uma parte significativa do povo, que reconquistou o direito de viver em democracia nesse país". 

"Na minha primeira diplomação em 2002, lembrei da ousadia do povo brasileiro em conceder, para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário [...] Eu quero pedir desculpas pela emoção, porque quem passou o que eu passei nesses últimos anos, estar aqui agora é a certeza de que Deus existe", começou Lula, com a voz embargada.

O presidente eleito foi, por diversas vezes, ovacionado pelos convidados da cerimônia – a plateia era formada de apoiadores e aliados da chapa. 

"Eu sei o quanto custou, não apenas a mim. O quanto custou ao povo brasileiro essa espera para que a gente pudesse reconquistar a democracia nesse país. Reafirmo hoje que farei todos os esforços para, juntamente com meu querido companheiro Geraldo Alckmin, cumprir o compromisso que assumi não apenas durante a campanha, mas durante toda a minha vida: fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo as pessoas mais necessitadas", afirmou Lula. 

"Poucas vezes na história desse país a democracia esteve tão ameaçada, a vontade popular foi tão colocada à prova e teve que vencer tantos obstáculos para enfim ser ouvida", prosseguiu. 

A cerimônia de diplomação foi realizada na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília. Também foi diplomado o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). Com isso, ambos estão aptos a tomar posse nos cargos no próximo dia 1º de janeiro. 

De acordo com o TSE, aproximadamente mil pessoas foram convidadas para acompanhar a solenidade, presidida pelo ministro Alexandre de Moraes.

Judiciário e eleições
 
No discurso de diplomação, Lula elogiou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – vítimas, segundo ele, de ameaças e agressões nos últimos anos. 

"[...] Quero destacar a coragem do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Superior Eleitoral que enfrentaram toda a sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular", disse. 

O presidente agora diplomado também apontou condutas irregulares praticadas pelo candidato à reeleição derrotado nas eleições, Jair Bolsonaro (PL) – a quem acusou de usar a máquina pública para comprar votos.

"Os inimigos da democracia lançaram dúvidas sobre as urnas, cuja confiabilidade é reconhecida há muito tempo por todo o mundo. Ameaçaram as instituições, criaram obstáculos de última hora para que eleitores fossem impedidos de chegar a seus locais de votação, tentaram comprar o voto dos eleitores com falsas promessas de dinheiro farto desviado do orçamento público", enumerou. 

"Quando se esperava um debate político democrático, a nação foi envenenada com mentiras produzidas no submundo das redes sociais. Eles semearam a mentira e o ódio, e país colheu violência política que só se viu nas páginas mais tristes de nossa história. E no entanto, a democracia venceu." 
 

'Frente ampla' e democracia
 
Lula afirmou que o resultado das eleições "não foi apenas a vitória de um candidato, de um partido", mas de uma "verdadeira frente ampla contra o autoritarismo". 

"Hoje, na transição de governo, se amplia para outras legendas e favorece o protagonismo de trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, cientistas e lideranças dos mais diversos e combativos movimentos populares desse país", disse Lula. 

Segundo o presidente diplomado, a gestão Bolsonaro deixa um "legado perverso, que recai principalmente sobre a população mais necessidade", além de um "ataque sistemático às instituições democráticas". 

Lula afirmou ainda que "a democracia enfrenta um imenso desafio ao redor do planeta, talvez maior que o período da 2ª Guerra Mundial".