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POLÍTICA

Eduardo Velloso entra na corrida pelo Senado e põe projeto de saúde e renovação no centro do debate

Eduardo Velloso entra na corrida pelo Senado e põe projeto de saúde e renovação no centro do debate

Em entrevista exclusiva ao Notícias da Hora, o deputado federal Eduardo Velloso (União-AC) detalhou seus projetos para a saúde ocular e o autismo. Ele revelou proposta para criar uma política nacional de saúde da visão, baseada no Censo 2022, e defendeu a inclusão do "teste do olhinho expandido" no SUS. Sobre a possível candidatura ao Senado, Velloso confirmou a pré-candidatura e analisou o cenário eleitoral, destacando-se pela defesa de pautas sociais e uma renovação no Senado.

A entrevista marca o início de uma série de conversas que o site Notícias da Hora realizará com os pré-candidatos ao Senado pelo Acre, buscando apresentar suas propostas e plataformas de forma detalhada ao eleitor. O objetivo é esclarecer os projetos e diferenças entre os postulantes ao cargo, contribuindo para uma análise mais consciente do eleitor.

Sobre a disputa, Velloso foi enfático ao afirmar que "veio para disputar" e que sente um anseio popular por renovação no Senado Federal. Ele busca capitalizar esse sentimento, aliando-o à sua atuação parlamentar, que define como focada em "entregar serviços" concretos à população por meio de seu mandato na Câmara.

Acompanhe a entrevista:

Notícias da Hora: Qual é a principal proposta de lei de sua autoria, atualmente em tramitação, que trata especificamente da saúde ocular dos brasileiros, e que impacto prático ela trará para a população?

Eduardo Velloso: Como médico oftalmologista e deputado federal pelo Acre, tenho trabalhado em três frentes legislativas fundamentais para a saúde ocular dos brasileiros.

Minha principal proposta é o PL 1384/23, que inclui a oftalmologia na atenção primária à saúde. Esta é uma mudança estrutural necessária porque a oftalmologia, sendo considerada média e alta complexidade, inviabiliza financeiramente a contratação de especialistas pela maioria dos municípios brasileiros. No Acre, por exemplo, apenas Rio Branco e Cruzeiro do Sul contam com oftalmologistas, deixando 20 dos nossos 22 municípios desassistidos.

O impacto prático é direto: estamos falando de prevenir a cegueira evitável. No Acre, ainda temos muitas pessoas cegas por catarata e complicações do diabetes – condições que poderiam ser tratadas com diagnóstico e intervenção precoces. Quando trazemos a oftalmologia para a atenção primária, aproximamos o especialista da população, especialmente em regiões remotas, ribeirinhas e de fronteira como as nossas.

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Complementando essa estratégia, apresentei o PL 5286/23, que torna obrigatório o laudo oftalmológico para ingresso no ensino fundamental e médio. Estudos mostram que entre 20% e 30% dos estudantes não se desenvolvem adequadamente na escola por problemas de visão não diagnosticados. Uma criança que não enxerga direito não aprende, não participa, não se desenvolve plenamente. Este é um problema silencioso que afeta milhões de crianças brasileiras e que podemos resolver com uma política pública simples e efetiva.

Por fim, o PL 3212/23 fortalece a obrigatoriedade do teste do olhinho, sobre o qual falarei mais detalhadamente a seguir.
Essas três propostas juntas formam um sistema integrado: prevenção desde o nascimento, diagnóstico na idade escolar e ampliação do acesso ao especialista. É assim que vamos combater a cegueira evitável no Brasil, começando pelo Acre.

Notícias da Hora: O senhor é autor de alguma proposta para incluir o teste do olhinho expandido no SUS, capaz de detectar precocemente uma gama maior de doenças oculares em recém-nascidos? Qual o status dessa proposta?

Eduardo Velloso: Sim, sou autor do PL 3212/23, que aprimora e reforça a obrigatoriedade do teste do olhinho em todo o território nacional. Mas quero ir além do que já existe.

O teste básico do reflexo vermelho, embora obrigatório desde 2011, ainda não é realizado adequadamente em muitas maternidades brasileiras, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. No Acre, temos deficiências na cobertura, principalmente nos municípios do interior e nas comunidades ribeirinhas, onde muitas crianças nascem em condições precárias de assistência.

Minha proposta incorpora avanços tecnológicos que hoje estão disponíveis a custos acessíveis. Já existe tecnologia para realizar uma fotografia digital do fundo de olho dos recém-nascidos, criando um registro permanente que permite o diagnóstico precoce de uma gama muito maior de doenças: catarata congênita, glaucoma, retinoblastoma, retinopatia da prematuridade, entre outras. Este registro fica arquivado e pode ser acompanhado ao longo do desenvolvimento da criança.

O custo dessa tecnologia é surpreendentemente baixo quando comparado ao custo humano e financeiro de tratar uma cegueira que poderia ter sido evitada. Estamos falando de dar a cada criança brasileira, desde o Oiapoque ao Chuí, da fronteira do Acre às capitais, a mesma oportunidade de ter sua visão protegida desde o primeiro dia de vida.

O projeto está em tramitação na Câmara dos Deputados e tem recebido apoio de entidades médicas e da sociedade civil. Acredito que esta é uma daquelas políticas públicas que, uma vez implementadas, veremos os resultados em uma geração: menos crianças cegas, menos famílias sofrendo, mais brasileiros produtivos e realizados.

Notícias da Hora: Em relação ao autismo, quais ações concretas o senhor tem realizado no Congresso e no Acre para melhorar o acesso a diagnóstico precoce, tratamentos e inclusão de crianças com TEA?

Eduardo Velloso: O autismo é uma causa que abraçamos com profundo compromisso, tanto no Congresso Nacional quanto diretamente aqui no Acre, onde conheço de perto a realidade das famílias.

No âmbito nacional, apresentei o PL 1459/25, que institui os Centros Psicopedagógicos em Saúde Mental para Crianças e Adolescentes no SUS. Estes centros serão especializados no atendimento de crianças com altas habilidades, superdotação e, especialmente, transtornos do neurodesenvolvimento, incluindo o TEA. O objetivo é criar uma rede estruturada, com equipes multidisciplinares preparadas para diagnóstico precoce, acompanhamento e inclusão dessas crianças.

Mas legislar não basta se não estivermos presentes na vida real das pessoas. Aqui no Acre, desenvolvemos o projeto Mentes Azuis, uma iniciativa que leva dignidade, apoio e esperança às mães e famílias que têm filhos com transtorno do espectro autista. Este trabalho é realizado em parceria com o Governo do Estado do Acre, através da FAPAC, com nossa vice-governadora Mailza Assis e sob a liderança incansável do Moisés Diniz, que foi o idealizador do projeto, que é referência em políticas públicas humanizadas.

A partir de amanhã, dia 20 de outubro, iniciaremos oficinas sobre TEA em 18 municípios acreanos – alcançaremos todos, com exceção apenas dos quatro municípios isolados de difícil acesso. Essas oficinas capacitam profissionais de saúde e educação, orientam famílias e sensibilizam a comunidade para a importância da inclusão e do respeito às diferenças.

O Acre é pequeno em população, mas pode ser grande em exemplo. Queremos mostrar que é possível, mesmo com recursos limitados, colocar o olhar humano e a ciência a serviço de nossas crianças. Cada criança com autismo que recebe diagnóstico precoce, tratamento adequado e é incluída na sociedade representa uma vitória de toda a nossa comunidade.

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Notícias da Hora: O Censo 2022 revelou dados importantes sobre a população com deficiência. Com base nisso, qual política pública na área da saúde visual o senhor defende como prioritária para ser implementada nos próximos anos?

Eduardo Velloso: O Censo 2022 revelou uma realidade que nós, da área da saúde, já conhecíamos: milhões de brasileiros vivem com deficiência visual que poderia ser prevenida ou tratada. E quando olhamos para a região Norte, para estados como o Acre, os números são ainda mais alarmantes.

Meu maior sonho como médico e como parlamentar é combater a cegueira evitável e democratizar o acesso ao oftalmologista. Por isso, considero prioritária a implementação do projeto Veja Mais Brasil, que desenvolvi para levar atendimento oftalmológico através da telemedicina aos municípios que não têm este profissional.

Vou dar um exemplo concreto: aqui no Acre, dos 22 municípios, apenas dois – Rio Branco e Cruzeiro do Sul – contam com oftalmologistas. Isso significa que mais de 90% do nosso território está desassistido. Uma pessoa que mora em Tarauacá, Feijó, Sena Madureira ou qualquer outro município precisa viajar centenas de quilômetros, muitas vezes de barco ou em estradas precárias, para ter acesso a uma consulta oftalmológica. Muitos simplesmente desistem e convivem com problemas que poderiam ser resolvidos.

O Veja Mais Brasil utiliza tecnologia de telemedicina para conectar médicos oftalmologistas com unidades básicas de saúde nos municípios remotos. Um técnico capacitado realiza exames preliminares, captura imagens e transmite para o especialista, que analisa e orienta o tratamento. Casos que necessitam cirurgia ou procedimentos mais complexos são encaminhados de forma organizada, com priorização adequada.

Essa política tem três vantagens fundamentais:

Primeiro, amplia drasticamente o acesso sem precisar esperar décadas para formar e fixar oftalmologistas em cada município brasileiro – algo financeiramente inviável e demograficamente impossível.

Segundo, reduz custos para o paciente e para o sistema de saúde, eliminando deslocamentos desnecessários e permitindo que o especialista atenda muito mais pessoas.

Terceiro, permite ação preventiva: identificamos precocemente cataratas, glaucoma, retinopatia diabética, degeneração macular e outras doenças que levam à cegueira quando não tratadas a tempo.

Se conseguirmos implementar o Veja Mais Brasil nacionalmente, conectado com a inclusão da oftalmologia na atenção primária e com o diagnóstico precoce nas escolas, estaremos construindo um sistema completo de saúde ocular. O Acre pode ser o laboratório dessa transformação, provando que é possível vencer distâncias, superar limitações orçamentárias e garantir que todo brasileiro, independentemente de onde mora, tenha direito de enxergar com dignidade.
Esta é a política prioritária que defendo e pela qual continuarei lutando no Congresso Nacional.

Sobre a Possível Candidatura ao Senado:

Notícias da Hora: O senhor confirmou oficialmente sua pré-candidatura ao Senado Federal? Em qual chapa e força política pretende disputar, tendo em vista a declaração do governador Gladson Cameli de que seu companheiro de chapa deve ser mesmo o senador Márcio Bittar?

Eduardo Velloso: Sim, sou pré-candidato ao Senado Federal pelo União Brasil. O presidente nacional do partido, Antonio de Rueda, garantiu que o União Brasil terá representação no Senado pelo Acre, e meu nome está nessa disputa por mérito do trabalho realizado.

Enquanto no Brasil temos 2 milhões de brasileiros cegos e outros 4 milhões com deficiência visual grave, aqui no Acre estamos combatendo ativamente a cegueira. Já realizamos por volta de 43 mil cirurgias desde 2006, sendo que apens eu fiz mais de 24 mil ao longo desses anos. Deste total mais de 2.300 cirurgias e 37 mil atendimentos foram realizados de forma itinerante, graças ao nosso mandato, em todos os cantos do estado (incluindo reserva Chico Mendes e reserva indígena), especialmente nos municípios mais isolados.

Minha pré-candidatura não é sobre disputas internas, mas sobre levar ao Senado a voz de quem realmente transforma a realidade da saúde pública. O Acre não pode mais esperar. As definições de chapa são naturais do processo político, mas meu compromisso é com a população que precisa de saúde de qualidade.

Notícias da Hora: Como o senhor avalia o cenário eleitoral, considerando que está atrás de nomes com grande intenção de voto, como Márcio Bittar, Jorge Viana, Mara Rocha, Jessica Sales e o próprio governador Gladson Cameli? O que o diferencia dessa concorrência?

Eduardo Velloso: Estamos a um ano das eleições, e os números mostram uma disputa competitiva entre vários nomes, segundo a Paraná Pesquisas. Mas há uma diferença fundamental: enquanto outros candidatos apresentam intenções, eu apresento realizações.

No Brasil, temos uma fila de 1,4 milhão de pessoas esperando por cirurgias de catarata. Enquanto isso, aqui no Acre, nós não deixamos ninguém esperando – já operamos mais de 43 mil olhos e atendemos quase 300 mil acreanos. Levamos ressonância magnética, cardiologia e oftalmologia ao Vale do Juruá, onde antes não existia.

O que me diferencia não é apenas discurso político. É que desde 2006, muito antes de ser deputado, eu e minha esposa Rejane já fazíamos a revolução na saúde do Acre. Como parlamentar, em menos de 2 anos, mudamos a vida de milhares de famílias em todos os 22 municípios.

A população não quer mais promessas. Quer quem já provou que sabe fazer. E isso eu já provei.

Notícias da Hora: Caso o governador Gladson Cameli não venha ser candidato ao Senado, o senhor acredita que essa vaga na chapa majoritária, ao lado de Márcio Bittar, seria naturalmente sua dentro do grupo político?

Eduardo Velloso: Não trabalho com hipóteses. Minha pré-candidatura não depende de vagas ou desistências de outros. Está fundamentada em trabalho real e resultados concretos.

Enquanto o Brasil registra 350 mil novos casos de cegueira evitável por ano, o Acre está na contramão dessa estatística por causa do nosso trabalho. Levamos atendimento oftalmológico e cardiológico onde nunca chegou.

Minha candidatura ao Senado não é um plano B de ninguém. É o plano A da população que quer ver a saúde pública funcionando de verdade. Respeito todas as lideranças políticas, mas meu compromisso é com quem precisa enxergar, com quem precisa tratar o coração, com quem não pode mais esperar por um atendimento médico.

Notícias da Hora: Qual é a sua principal crítica aos atuais senadores pelo Acre que justifica a necessidade de uma renovação, que o senhor pretenderia representar?

Eduardo Velloso: Não faço política de críticas pessoais, faço política de resultados. E os números falam por si.

No Brasil, a realidade é alarmante:

Quase 2 milhões de brasileiros cegos 4 milhões com deficiência visual grave 1,4 milhão de pessoas esperando por cirurgia de catarata Milhares de municípios sem acesso a médicos especialistas

No Acre, em pouco mais de 2 anos de mandato, mudamos essa realidade:

Mais de 7 mil cirurgias realizadas, sendo 2.300 pelo interior do estado, todas gratuitas 37 mil atendimentos especializados em oftalmologia e cardiologia

Ressonância magnética implantada em Cruzeiro do Sul, acabando com a necessidade de deslocamento para exames complexos

Cardiologia e tratamento de infarto no Vale do Juruá, salvando vidas no Hospital Regional

Atendimento oftalmológico em Cruzeiro do Sul e agora expandindo para o Alto Acre, em Brasiléia

Atendimento itinerante em todos os 22 municípios, levando especialistas onde eles nunca chegaram

Único parlamentar que levou mestrado para o interior, investindo na qualificação local da nossa educação

Investimentos estratégicos na agricultura familiar, garantindo dignidade e futuro sustentável para nossos pequenos produtores através do café, cacau e outras culturas

A diferença é simples: enquanto o Brasil inteiro sofre com a falta de acesso à saúde, o Acre prova que é possível mudar essa realidade com trabalho sério, compromisso verdadeiro e presença constante em cada canto do estado.

A população do Acre não pede renovação por capricho ou insatisfação vazia. Pede porque viu que a saúde pública pode funcionar de verdade, que especialistas podem chegar ao interior mais remoto, que a cegueira pode e deve ser combatida. E agora quer levar essa experiência vitoriosa para o Senado Federal, para que o Acre tenha ainda mais força e representatividade em Brasília.

Minha candidatura é a candidatura de quem não promete, mas entrega. De quem já fez acontecer e vai fazer muito mais.