Rio Branco teve um final de semana sangrento com dois homicídios registrados em menos de três horas no último sábado (27) e cinco pessoas feridas em uma onda de tiroteios que aterrorizam os acreanos. Além dessa onda de crimes contra a vida, os crimes contra o patrimônio seguem acontecendo. Nesse sentido, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB/AC) pretende pedir intervenção federal na Segurança Pública do Acre.
“Se continuar essa situação na nossa fronteira, se continuar essa questão dos arrastões e tudo mais, eu vou pedir intervenção no Estado, na Segurança Pública. Se o governo do Estado não resolver nos próximos dias. Até o retorno dos trabalhos no Congresso, não tiver uma solução, ou pelo menos não melhorar, eu vou pedir intervenção na Segurança Pública do Acre. Não tem explicação para isso. Você poderia até dizer: ah, o Gladson em seis meses não consegue fazer milagre. É verdade, também acho que não, mas piorar não dá”, considera ela.
A parlamentar que já integrou a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados e atualmente integra a Comissão de Segurança Pública, disse que é necessária uma ação nas fronteiras mais efetiva. Ela questiona o alto número de armas circulando no Acre.
“Se tem uma coisa que eu sou insistente em dizer é que os problemas da Segurança Pública no Acre: dos assaltos, da invasão nas casas, desses arrastões nos ônibus. Que horror, é quase um arrastão por semana. Nada disso será resolvido senão tratar os problemas das fronteiras. Isso tudo que está acontecendo de facção no Acre é para alimentar o crime e o crime tem haver com passagem de armas e drogas. Por que tem tanta arma hoje circulando no Acre?”, questiona.
Relação com Sergio Moro
A parlamentar acreana disse que tem tido dificuldades de dialogar com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Ela pontuou que o ministro não está interessado nos problemas do Acre. Em seis meses de governo Bolsonaro, Moro se preocupou mais em ir aos Estados Unidos que visitar o Acre e sentir de perto o drama dos acreanos.
“Eu tenho sido insistente aqui na Comissão de Segurança Pública, cobrado. Tenho essa dificuldade de relação com o Moro, porque ele não está nem aí para o Acre mesmo, está nem aí para gente. Eles não foram tão rápidos para descobrir o hacker só porque era o celular dele? Por que não coloca essa mesma pressa, essa mesma competência para resolver o problema da Segurança Pública do Estado?”, pontua Perpétua Almeida.
E acrescenta: “Essa é uma questão que eu tenho batido muito. Aliás, quando o ministro, Moro, foi à Câmara e tendo aquela confusão toda e não deu tempo de chegar a minha vez, mas eu ia fazer uma pergunta para ele: ministro o senhor já foi mais de 4 vezes nos Estados Unidos como ministro e não topou nenhuma vez de ir ainda no Acre para ver as nossas fronteiras? Eu penso que o pessoal está brincando com coisas sérias”.
Piora na Segurança Pública
A parlamentar destaca que houve uma piora significativa na sensação de segurança no Estado. Ela fez um desafio. Disse que caso for realizada uma pesquisa para saber se o acreano se sente mais seguro com os seis meses de governo Gladson Cameli, certamente os dados vão aferir que houve uma piora.
“O que me impressiona é que o vice-governador é da área da Segurança Pública. Passou o tempo inteiro dizendo que ia resolver o problema da Segurança Pública no Acre, o governador Gladson também. Eles ganharam a eleição com esse discurso de que iriam resolver. O que estamos vendo? É piora. Se você conversa com qualquer cidadão do Acre, ele diz: piorou a questão da Segurança no Estado. Eu te pergunto: em seis meses qual foi a ação do governo, de fato, na área da Segurança, para melhorar?”, ressalta ela.
Almeida diz que, embora saiba que, o pedido de intervenção só pode ser feito pelo governador Gladson Cameli (Progressistas), ela o fará mediante as prerrogativas do mandato, no formato de Indicação Parlamentar. O que o governo do Estado não pode ignorar, é o trânsito livre que a deputada do PCdoB tem com o vice-presidente Hamilton Mourão. Um pedido dela diretamente ao vice-presidente da República pode balançar as estruturas da Segurança Pública do Acre, ou colocar em suspeição o trabalho de quem está à frente da pasta atualmente, forçando Cameli a mudar as pedras do tabuleiro.