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POLÍTICA

Entre buracos e abandono, caminhoneiro diz que precisa orar pra aguentar a BR-364

Entre buracos e abandono, caminhoneiro diz que precisa orar pra aguentar a BR-364

Uma entrevista gravado às margens da BR-364 na tarde deste domingo 5, no trecho entre Cruzeiro do Sul e Rio Branco, mostrou o sofrimento enfrentado diariamente por quem depende da principal rodovia do Acre. O caminhoneiro Lenildo Pereira da Silva, que transporta farinha produzida no Juruá para o Nordeste, fez um relato que resume o sentimento de revolta de motoristas, empresários e moradores da região: “Essa estrada é uma vergonha. É um descaso com o nosso dinheiro e com o povo do Acre.”

Lenildo saiu de Cruzeiro do Sul às 15 horas da tarde do último sábado 4 e, após mais de 24 horas de viagem, ainda não havia chegado sequer à metade do trajeto. “Essa viagem era pra durar no máximo 12 horas. Hoje a gente leva dois dias, moço! Cada buraco desse aqui é uma pancada no caminhão e um prejuízo a mais no bolso do empresário ”, relatou.

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Segundo o caminhoneiro, o combustível que deveria ser suficiente para ir e voltar até Rio Branco agora não dá nem para completar a ida. “O tanque pega 700 litros, mas a gente tem que abastecer duas vezes. Era pra encher em Porto Velho e chegar em Cruzeiro, mas hoje precisa parar em Nova Califórnia pra completar. Tudo por causa da buraqueira”, disse.

O caminhoneiro Lenildo evidencia uma cadeia de prejuízos que vai muito além da estrada. O custo do transporte dobra, o tempo de entrega triplica e o preço final dos produtos sobe nas prateleiras. “As coisas em Cruzeiro do Sul ficam mais caras por causa da estrada. O combustível chega a mais de R$ 8, e o frete dobra. Uma viagem que era feita em 12 horas leva 48. A conta não fecha”, desabafa o motorista.

Revoltado, ele critica a falta de compromisso das autoridades com quem sustenta a economia pelas estradas. “É uma falta de respeito com o povo. Uma pessoa adoece e não consegue chegar rápido na capital. Cadê o dinheiro dos nossos impostos? Tudo o que tem aqui vem do nosso suor, e ainda botam pedágio quando fazem alguma obra. É imposto, é pedágio, é abuso!”, disparou.

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O caminhoneiro afirma que a cada viagem precisa revisar o caminhão, trocar freios e reforçar a suspensão. “O desgaste é dobrado. É raro não ter que apertar o feixe de mola quando chego. Essa estrada aqui é um teste de paciência. Eu tenho que orar pra conseguir passar”, afirmou.

Ele também foi categórico ao afirmar que não compensa mais investir ou transportar produtos pelo Acre: “Se eu tivesse caminhão, não mandava pra cá. Ninguém quer vir buscar mercadoria aqui com uma estrada dessa. O prejuízo é certo.”

Na conclusão da reportagem, Lenildo fez um desabafo, direcionado aos deputados e demais autoridades:

“Que respeitem mais o povo. Isso aqui é um descaso com o nosso dinheiro. A gente paga imposto demais pra viver nessa vergonha. Essa estrada é o retrato do abandono”, desabafou Lenildo, encerrando a entrevista em tom de revolta e indignação.