O ex-senador que acumula duas aposentadorias, que juntas chegam aos R$ 50 mil mensais, tem levado clientes à residência oficial do presidente do Senado e a gabinetes do governo Bolsonaro
Com o argumento de fazer bicos para sobreviver aos tempos de dificuldade fora do mandato, o ex-senador Jorge Viana tem utilizado seu conhecimento adquirido nos 8 anos em que foi senador para atuar como uma espécie de lobista.
Ele nega o uso do termo, mas a atividade desenvolvida por ele é semelhante a desenvolvida por outros ex-parlamentares. Consiste em mediar o diálogo e abrir as portas do poder público para a iniciativa privada.
Uma reportagem publicada pelo jornal Estado de S. Paulo apontou que Jorge Viana “tem levado clientes à residência oficial do presidente do Senado e a gabinetes do governo Bolsonaro. Na semana passada, ele abriu as portas da casa de Alcolumbre e dos gabinetes do secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, e da subsecretária de Relações Financeiras, Pricilla Santana, para representantes da Riza Capital (empresa do mercado financeiro)”, diz trecho da reportagem.
O interessante de tudo isso é que esses empresários buscam encurtar os caminhos para essas agendas. Como no mundo corporativo, tempo é dinheiro, o pagamento desses lobistas ajuda na mediação do diálogo com líderes influentes, que podem trazer dividendos para seus negócios.
O Estadão levantou, ainda, que além da Riza, Jorge Viana tem clientes ligados ao setor de telecomunicações. Além de aposentadoria de ex-governador no valor de R$ 30 mil, Jorge Viana tem uma aposentadoria concedia pelo Senado Federal de R$ 19.200. Além disso, ele atua como professor universitário no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), que tem o ministro do Supremo, Gilmar Mendes, como sócio fundador. Jorge Viana ministra aulas no curso e MBA Executivo, Desafios da Gestão Pública, ofertado pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).
Ao falar sobre a Riza, ele disse “estou tentando ver se sobrevivo a esses tempos de dificuldades. Se aparecer um trabalhinho ou outro, vou fazer. Mas não é consultoria. Não quero virar lobista”, afirmou. A Riza confirmou que seus integrantes foram acompanhados por Viana em encontros no governo e que ele “apresentou oportunidades de negócios, que não se concretizaram”.