Presidente da Fundação Elias Mansour durante a gestão do ex-governador Tião Viana, a atriz e ativista cultural Karla Cristina lamentou a intenção do governo de Gladson Cameli de transformar o espaço que seria destinado ao Museu da Gente Acreana em sede de secretarias estaduais e restaurantes. O prédio, o antigo Colégio Meta, na rua Epaminondas Jácome, no centro de Rio Branco, passa por uma profunda restauração iniciada em 2017 que custará em sua conclusão cerca de R$ 15 milhões.
"Me entristece ver pessoas comemorando a não realização do museu, ou quem fala que esse dinheiro investido é um desperdício. Estamos voltando à sociedade do senso comum, a que só enxerga que tudo deve ser olhado com o mesmo formato. Me impressiono que alguém se sinta confortável, na posição de gestor público, deixando de construir um espaço de cultura! É mais um traço da barbárie que nos assola, sinto pelos jovens que teriam mais um espaço para estar e conviver."
O museu, de acordo com Karla, seria um encerramento de uma espécie de cronograma de valorização dos espaços públicos de memória em Rio Branco que passaram por reforma em 2018.
Na sexta-feira passada durante coletiva no prédio do antigo Colégio Meta, o secretário de Infraestrutura, Tiago Caetano, afirmou que o Estado não tem qualquer condição financeira de manter no espaço um museu. Por isso, o governo pretende alugar parte do do prédio para lanchonetes e restaurantes.
Karla Cristina diz, entretanto, que "em seu plano de sustentabilidade já havia previsão de custeio por recursos privados além do que seria o primeiro espaço de memória que cobraria ingressos, o que acontece em todos os lugares do mundo".
A obra é construída com recursos do Banco Mundial. Pelo contrato estabelecido entre o Estado e a instituição financeira o espaço deve ser usado integralmente como um museu. O governo tem consciência disso e corre contra o tempo para mudar o projeto inicial da obra.