Cinco generais de alto escalão, incluindo o chefe do Estado-Maior do Exército, Valério Stumpf, viraram alvo dos bolsonaristas, que os acusam de serem "comunistas" e de não apoiarem o pedido de golpe
Em comunicado interno, falando em nome do comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, o general José Ricardo Vendramini Nunes saiu em defesa de um grupo de militares de alta patente que viraram alvos de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), que os acusam de serem apoiadores de Lula (PT).
“Incumbiu-me o Senhor Comandante do Exército de informar à Força que, nos últimos dias, têm sido observadas postagens em aplicativos de mensagens com alusões mentirosas e mal-intencionadas a respeito de integrantes do Alto Comando do Exército”, diz o texto distribuído na estrutura das Forças Armadas.
O comunicado é em defesa de cinco generais: Valério Stumpf, chefe do Estado-Maior do Exército; e os comandantes militares do Sudeste (Tomás Miné Ribeiro de Paiva), do Leste (André Luiz Novais) e do Nordeste (Richard Nunes), além do general Guido Amin, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército.
Em grupos bolsonaristas que pedem o golpe na porta de quartéis eles estão sendo chamados de "melancias", uma alusão à fruta que é "vermelha" por dentro e verde por fora, usada para definir "comunistas" não assumidos.
"Esses são 4 generais comunistas contra o povo, eles querem o governo Lula, Tomás tem a proposta de ser o comandante do Exército do Lula, são generais melancia, verdes por fora, vermelhos por dentro", diz um dos vários tuites sobre o assunto, com fotos dos militares.
Além dos cinco generais de alta patente, outros 28 militares viraram alvo dos golpistas, que propagam fake news sobre uma inverídica exoneração em massa promovida por Bolsonaro.
Segundo o texto distribuído aos militares na quarta-feira (16), “ao tentarem de forma anônima e covarde disseminar desinformação no seio da Força e da sociedade, esses grupos ou indivíduos atestam a sua falta de ética e de profissionalismo”. E conclui: “O Exército Brasileiro permanece coeso e unido, sempre em suas missões constitucionais, tendo a hierarquia e a disciplina de seus integrantes o amálgama que o torna respeitado pelo povo brasileiro, seu fiador”.