Para quem acompanha os trabalhos no Legislativo estadual de perto, já percebeu que a relação entre o deputado Gehlen Diniz (PP), ex-líder do governo, e o deputado Pedro Longo, atual líder, nunca foi das melhores. Mas, nas últimas semanas, isso tem se agravado e ficado exposto.
A queda de braço travada entre Gehlen Diniz e Pedro Longo começou com o PL 14/2021, de autoria de Gehlen Diniz. A matéria excluía a exigência do curso de Direito para ingresso nos quadros de oficiais da Polícia Militar do Acre, abrindo para todas as formações de nível superior. A lei aprovada na Aleac foi vetada pelo governador Gladson Cameli, atendendo a um reclame da categoria de oficiais.
Após o veto, Gehlen travou sérios embates nas redes sociais com alguns oficiais, com é o caso do tenente-coronel Cristian Moura, que acusou Diniz de aprovar leis ‘às escuras’. Em resposta, o deputado disse que seu compromisso era com a sociedade e não com apenas alguns oficiais.
O debate veio para dentro da Aleac. O governo encaminhou um novo projeto de lei, tentando furar o bloqueio de Gehlen e evitar uma derrota com a derrubada do veto, que deve ainda ser apreciado. A nova matéria recebeu emendas de Gehlen Diniz, pedindo a queda da exigência novamente do direito para ingresso na PMAC, nos quadros de oficiais. Não houve consenso e a matéria foi retirada pelo governo e encaminhada uma outra semelhante.
Mais uma vez, Gehlen não deu vida fácil a Pedro Longo e voltou a reaproveitar um texto do projeto retirado e o apresentou como emenda. A exigência permaneceu para o ingresso na PMAC, mas caiu para o Corpo de Bombeiros.
Ontem, terça-feira (23), mais uma vez ficou evidente o racha. Gehlen, mesmo fora da liderança, tem força dentro do Parlamento. Muito além do trato parlamentar, formou amigos ao longo dos quase 8 anos de mandato e conhece bem as entranhas do Poder Legislativo. O buraco na pista do aeródromo de Marechal Thaumaturgo e a nota “fuleiragem” de Petrônio Antunes ajudou ainda mais a colocar lenha na fogueira. O que Pedro Longo ajudou em seu discurso, Gehlen espatifou em seguida. O pronunciamento de Diniz foi mais destruidor que o discurso de Daniel Zen, ora com seu juridiquês, ora com a informalidade.