Mesmo sendo um senador da Amazônia, o emedebista Marcio Bittar não é muito simpático ao Fundo Amazônia. Em discurso recente no Senado, Bittar chegou a dizer que o Fundo Amazônia era um atraso para a região. Dessa vez, o senador abriu fogo contra o Fundo e conseguiu aprovar na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor um requerimento em que pede ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma auditoria nos contratos do Fundo.
O Fundo Amazônia, que tem Noruega e Alemanha como principais financiadores de projetos de desenvolvimento sustentáveis na região, poderá ser extinto se depender da vontade do ministro Ricardo Salles, que tem como apoiador o senado acreano. Marcio Bittar acredita que esses dois países da Europa continuam explorando seus recursos naturais, ao passo que impedem que país como Brasil utilize suas riquezas naturais em benefício das populações em troca de recursos financeiros pagos ao Fundo Amazônia.
Diante disso, Marcio Bittar quer saber como os contratos foram firmados, sua execução, os resultados dos programas e qual o objetivo dos doadores de recursos financeiros ao Fundo. O pedido aprovado na Comissão tem um detalhe especifico, não precisa ir ao Plenário do Senado, vai direto para o TCU.
Desde maio que o governo Bolsonaro, orquestrado pelo ministro Ricardo Salles, vem travando uma ofensiva contra o Fundo Amazônia. Há a possibilidade dele ser extinto ou passar por mudanças drásticas que podem implicar, entre outras coisas, na forma de capitação desses aportes financeiros, necessários para o andamento de projetos que beneficiam, sobretudo, as comunidades tradicionais e os povos indígenas.
No Acre, caso se concretize o fim do Fundo Amazônia, o Instituto de Mudanças Climáticas (IMC) poderá deixar de existir, ou perderá sua razão, que é dialogar com os organismos internacionais na busca de financiamentos de projetos a fundo perdido, como é o caso do banco alemão KfW, um dos maiores apoiadores do Fundo Amazônia.
"O governo da Noruega é o principal contribuinte do Fundo Amazônia. Sabe-se, também, que existem empresas desse país que atuam no setor de exploração mineral em território brasileiro que receberam incentivos fiscais em valores maiores do que aqueles doados ao fundo", destacou Bittar ao insinuar existir uma troca de favores entre Brasil, Alemanha e Noruega.