O governador Gladson Cameli sugeriu nesta quarta-feira, dia 30, que os recentes pedidos do Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação Ptolomeu, onde ele e outros agentes públicos e empresários são investigados, teriam motivação política em razão das mudanças que devem ocorrer no comando do órgão nas próximas semanas, entre elas, a nomeação do novo procurador-geral da República. Cameli alega que está sendo alvo de pedidos jamais vistos na história, e que os advogados dele estão municiados de informações que contrapõem os pedidos do órgão ministerial.
“Isso é questão política. Estou pronto para responder o que quer que seja. Vou ao extremo que a lei me permite. Não existe isso na história. No mês que vem tem a nomeação do novo procurador-geral da República. Não precisa ninguém cometer excessos. Eu passei, enfrentei tudo que eu tinha que enfrentar. Eu tenho a chancela da democracia, porque eu fui reeleito. Mas eu vou me defender e não esqueço que sou um chefe de poder, e estou fazendo de tudo para a máquina rodar. Tem bens ali que não são meus. Tem coisa de quando eu era deputado federal. Não sou candidato a nada, senão a melhorar a vida do povo!”, frisou o governador acreano.
Gladson se refere ao pedido assinado pelo subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, que requereu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a venda de um avião e de cinco carros de luxo que seriam do governador Gladson Cameli. Os bens teriam sido listados na investigação da Operação Ptolomeu, onde Cameli figura como suposto líder de um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na cúpula do Governo do Acre.
De acordo com laudo da Polícia Federal, os bens que o Ministério Público Federal quer alienar resultariam em um embolso de R$ 4,5 milhões. O pedido será analisado pela ministra Nancy Andrighi, relatora da Ptolomeu no STJ.
O subprocurador sustentou ao STJ que a possibilidade de alienação antecipada está prevista na Lei de Lavagem de Dinheiro. A medida tem o objetivo de “preservar o valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houve dificuldade para sua manutenção”, alegou.
"Na ocorrência de risco de deterioração e desvalorização da aeronave e dos veículos elencados, a medida mais adequada é a venda antecipada dos bens, com posterior depósito do produto da alienação em conta vinculada ao juízo até o julgamento", destacou Carlos Frederico Santos.
Os advogados do governador criticam a solicitação do MPF: “Por isso, a pretensão de alienação de bens no curso de um inquérito inconcluso, que se arrasta há 02 anos e 05 meses é absurda. Se existissem as provas que se diz já haveria conclusão do inquérito e oferecimento de denúncia. Isso é o lógico. Ao invés disso, se buscam medidas absurdas como esta, numa clara inversão da ordem processual e em flagrante desrespeito ao princípio do devido processo legal. O governador não foi sequer ouvido neste inquérito. O STJ certamente não acatará tal pretensão, pois isso seria uma afronta às garantias individuais e iria contra a sua própria jurisprudência”, acrescenta defesa de Cameli.