A consolidação da Rota Quadrante Rondon, principal acesso comercial ao Oceano Pacífico pelo Acre, foi tema do encontro promovido pelo governo do Estado, nesta sexta-feira, 11, em Cruzeiro do Sul. Com foco na integração e desenvolvimento econômico, o debate articula, para o Vale do Juruá, a criação de uma rota comercial que conectará o Acre a Ucayali, no Peru, por meio da realização de voo regional entre Brasil e o país andino, como também retoma os diálogos para a construção de uma rodovia que ligará o Acre a Pucallpa, no país vizinho.
O Acre tem assumido protagonismo no processo de consolidação do corredor, com posicionamento estratégico nas discussões e tomada de decisões sobre os programas e investimentos de estruturação do projeto. Durante o encontro, que também contou com a participação de comitiva peruana formada por políticos e autoridades da região de Ucayali, o governador Gladson Cameli destacou a importância da integração e da união de esforços entre os representantes públicos para alavancar o desenvolvimento econômico, social e cultural dos países.
“O momento demonstra que, tanto para o lado peruano quanto para o brasileiro, representado pelo governo do Acre, Prefeitura de Cruzeiro do Sul e a classe empresarial local, o objetivo principal é vencer os desafios para a integração entre os países”, ratificou o chefe do Executivo do Estado.
Governador destacou a importância do encontro para o desenvolvimento, não somente do Juruá, mas também das regiões andinas. Foto: Erisney Mesquita/Secom
Cameli lembrou que o aeroporto de Cruzeiro do Sul é apto a receber voos internacionais, o que gera expectativas positivas sobre o início da integração aérea entre os países. “Eu não tenho dúvidas de que em breve estarão sendo realizados os primeiros voos internacionais na região, inaugurando a rota comercial. Por isso, a importância de um Estado gerido com responsabilidade e fortalecido, pois passa credibilidade e atrai investimentos da iniciativa privada”, reforçou.
A presidente da Câmara de Comércio de Ucayali, Nancy García, reafirma o interesse do país vizinho em estreitar laços comerciais, afirmando ser possível a criação de um corredor que supere gargalos de infraestrutura, fortalecendo o comércio entre as regiões e reduzindo os custos de transporte com mercadorias.
Integração econômica vai abrir novos mercados aos produtos do Juruá. Foto: Erisney Mesquita/Secom
“Estamos muito felizes e agradecidos pelo convite para estarmos aqui, participando do momento que ficará marcado na história de proximidade entre Peru e Brasil. Nos interessa bastante a integração aérea e terrestre e o intercâmbio comercial com os brasileiros, pois essa é uma zona importante, que dá acesso ao Pacífico. Sim, a integração é possível”, afirmou.
Também prestigiaram o momento Francisco de Asis Mendoza, prefeito de Atalaya; Janeth Castagne, prefeita de Pucallpa; Clara Mera de Diaz, diretora da Oficina de Cooperação Técnica e Internacional do governo regional de Ucayali; Bessi Aida Peña, vereadora de Pucalpa; Assurbanípal Mesquita, titular da Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict); Jairo Negreiros, gerente regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); Janaína Terças, coordenadora da Federação das Indústrias de Cruzeiro do Sul; Luiz Gonzaga, presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac); e outras autoridades da região.
Proximidade do Juruá com o Porto de Chancay: possibilidade de estreitar relações comerciais com mercado asiático
Localizado a cerca de 60 quilômetros da capital peruana, Lima, Chancay é o primeiro porto com maioria de capital chinês na América Latina, que promete ser uma das maiores rotas de escoamento de produtos para a Ásia. Com investimento na ordem de US$ 3,6 bilhões (R$ 17,8 bilhões), o ponto deve ser inaugurado em novembro.
Mesquita: “O Acre está à disposição para conectar as economias do Brasil e Peru”. Foto: Erisney Mesquita/Secom
Cruzeiro do Sul, coração econômico do Vale do Juruá, fica aproximadamente a 600 quilômetros do Porto de Chancay. A curta distância representa uma possibilidade da região estreitar relações futuras com o mercado asiático.
Assurbanípal Mesquita enfatizou a importância do projeto para a região, onde vivem quase 200 mil acreanos. “O Acre está se colocando à disposição do Brasil para concretizar a conexão do país com o Peru. Temos uma rota, que passa pelo Alto Acre, em Assis Brasil, e chega em Cusco, no Peru. Agora, vamos iniciar uma agenda que discutirá a composição técnica de um corredor que aponta para Pucallpa, passando pelo Vale do Juruá, em Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima. É um sonho antigo da população local, e os indicadores apontam que a rota, no que se refere à logística, apresenta viabilidade, pois Cruzeiro do Sul fica a 600 km do Porto de Chancay, que promete ser uma das maiores rotas de escoamento de produtos para a Ásia e um caminho para o nosso estado se aproximar do mercado asiático”, explica.
Fortalecendo relações comerciais
A Rota Quadrante Rondon visa conectar o Norte do Brasil aos portos do Peru, oferecendo ao Acre um corredor estratégico para o Oceano Pacífico. O projeto tem a finalidade de fortalecer o comércio e reduzir os custos de transporte de mercadorias para 11 estados brasileiros que fazem fronteira com países sul-americanos.
O Acre é diretamente beneficiado pela Quadrante Rondon, que proporciona uma rota para o Pacífico por meio dos portos do Peru. Com nove obras relacionadas à integração previstas no Novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), o estado se torna parte fundamental da iniciativa, envolvendo infraestrutura de transporte, de energia e digital.
Entre as principais obras que beneficiam o Acre incluídas na Quadrante Rondon estão a Ponte de Guajará-Mirim (RO) e a finalização do contorno de Brasileia, além da manutenção da BR-364.
Assinatura da Carta Cruzeiro do Sul
Durante o encontro, representantes dos governos do Acre e de Ucayali assinaram a Carta Cruzeiro do Sul, um documento em que se registram avanços históricos na política de integração comercial entre os países.
O documento visa implementar e apoiar agendas da política de integração, envolvendo eixos de logística e transporte terrestre; implantar voos entre as regiões; fortalecer o turismo; conceber a criação do comitê de integração; e determinar a realização da primeira reunião do comitê, no prazo de 30 dias.
Carta atesta avanços significativos ao projeto de integração econômica. Foto: Erisney Mesquita/Secom
“Vivemos próximos, são apenas 25 minutos de voo até Pucallpa, somando somente 210 de rodovia, mas, apesar da pouca distância, vivemos muito distantes dos nossos vizinhos peruanos. Com a integração, as regiões vão usufruir dos benefícios que só o desenvolvimento é capaz de trazer. Fico muito feliz quando vejo a ministra do Planejamento, Simone Tebet, engajada na causa, além do nosso governador Gladson, que tanto tem se empenhado na execução desse projeto. Eu saúdo o momento de unidade política, que vem garantido prosperidade ao nosso Acre”, disse o deputado estadual, Luiz Gonzaga.