Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se posicionar contra o fechamento das fronteiras, o governo publicou na última quarta-feira, 29, nova portaria prorrogando por mais 30 dias o fechamento dos acessos terrestres do país. A medida proíbe a entrada de qualquer estrangeiro por vias terrestres que dão acesso aos países vizinhos como forma de evitar a propagação do novo coronavírus.
A medida tem impacto na vida das cidades amazônicas vizinhas aos países limítrofes. A Amazônia brasileira faz fronteira com a da Bolívia, do Peru, da Colômbia, da Venezuela, do Suriname, Guiana e Guiana Francesa. No caso do Acre o estado faz fronteira com a Bolívia e o Peru, somando uma faixa de 2.171 km com acessos terrestres e fluviais. Antes do Brasil, Bolívia e Peru já tinham restringido a entrada de estrangeiros por suas fronteiras.
A restrição parece ter surtido efeito para a proposta que foi adotada: reduzir o contágio pelo novo vírus. As duas maiores cidades acreanas na fronteira com a Bolívia – Brasileia e Epitaciolândia – não têm casos confirmados, até o momento, da Covid-19. As duas cidades são vizinhas a Cobija, capital do departamento boliviano de Pando. Até a semana passada eram 12 casos confirmados do lado de lá.
Assis Brasil, na fronteira com o Peru, também não tem registros oficiais da doença. A situação mais crítica é em Plácido de Castro, com 25 infectados. O município faz fronteira com a Bolívia, tendo a Vila Evo Morales como vizinha. Os casos, contudo, ocorreram por conta da proximidade não com a fronteira internacional, mas com Acrelândia, que registrou os primeiros casos de contaminação entre as cidades do interior.
A primeira portaria fechando as fronteiras foi assinada em 2 de abril pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro. Os acessos aos países no Acre estão bloqueados por militares do Exército, pela Polícia Federal e Militar. Neste período, um soldado do Exército em Plácido de Castro foi diagnosticado com a Covid-19. Segundo a corporação o contágio ocorreu em ambiente familiar, já que a esposa do militar estava com o vírus.
Esta semana a revista literária piauí publicou reportagem especial sobre as consequências do fechamento das fronteiras acreanas. Entre elas está o “colapso” por que passa o tráfico de drogas, já que com as fronteiras fechadas ficou mais difícil a “importação” de entorpecentes produzidos na Bolívia e no Peru.
Outro impacto é na vida de moradores e estudantes na região do Alto Acre. Brasileiros que estudam medicina em Cobija, por exemplo, não podem cruzar a fronteiro para o lado de cá para fazer compras ou sacar dinheiro.
Leia a reportagem aqui:
MULA NÃO FAZ QUARENTENA
https://piaui.folha.uol.com.br/mula-nao-faz-quarentena/